Vídeos deepfake estão usando rostos de médicos e comunicadores para vender suplementos sem comprovação científica. Além de atrasar tratamentos eficazes, essas falsas promessas podem trazer riscos graves à saúde — incluindo o aumento da chance de câncer.
Nos últimos dias, as redes sociais foram inundadas por vídeos manipulados com inteligência artificial — os chamados deepfakes — usando a imagem de médicos e comunicadores da saúde para promover suplementos e substâncias sem comprovação científica, como ashwagandha, moringa e outros compostos ditos “milagrosos”.
À primeira vista, esses vídeos parecem reais: vozes clonadas, imagens perfeitas, falas que imitam o estilo de especialistas. Mas, na prática, tratam-se de peças de propaganda enganosa que colocam em risco a saúde pública.
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Por que isso preocupa tanto?
- Confusão e adesão a terapias falsas
Muitos pacientes, fragilizados pela doença ou pelo medo, acreditam nessas mensagens e acabam abandonando ou atrasando tratamentos realmente eficazes.
- Efeitos colaterais e toxicidade
Substâncias anunciadas como “naturais e seguras” podem, em doses elevadas ou em uso prolongado, causar toxicidade hepática, renal e cardiovascular.
- Risco aumentado de câncer
O consumo de compostos não testados pode gerar processos inflamatórios crônicos, alterações hormonais e estímulo de mutações celulares — mecanismos que a ciência já relaciona ao desenvolvimento de tumores.
Além disso, alguns produtos veiculados de forma clandestina podem conter aditivos químicos ou metais pesados capazes de aumentar o risco de câncer a médio e longo prazo.
O impacto das redes sociais
Os algoritmos favorecem conteúdos que geram engajamento. Vídeos polêmicos, “milagrosos” ou que prometem resultados rápidos acabam ganhando milhões de visualizações.
Assim, a mentira viaja mais rápido que a ciência, e o público leigo fica desprotegido diante da desinformação.
Como se proteger
- Desconfie de qualquer promessa de “cura natural e imediata” para doenças graves.
- Consulte sempre um médico antes de iniciar qualquer suplemento.
- Verifique se há estudos científicos robustos e aprovação de agências regulatórias (Anvisa, FDA, EMA).
- Denuncie conteúdos falsos que usem indevidamente imagens de profissionais de saúde.
O avanço da inteligência artificial trouxe benefícios, mas também abriu espaço para manipulações perigosas. No campo da saúde, os deepfakes não são apenas uma fraude: podem significar atraso no diagnóstico, abandono de terapias eficazes e até aumento no risco de câncer devido ao uso indiscriminado de substâncias sem comprovação.