Nos últimos dias, ganhou destaque na imprensa e nas redes sociais a comoção do apresentador Rodrigo Faro, ao comentar sobre exames recentes da esposa, Vera Viel, que levantaram a suspeita de um possível retorno do câncer que ela havia enfrentado. O episódio trouxe à tona um tema sensível, mas essencial: a recorrência tumoral e a importância do acompanhamento contínuo dos pacientes oncológicos.
O câncer não termina no momento em que o tratamento inicial é concluído. Mesmo após cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou imunoterapia, há sempre um risco — maior ou menor, dependendo do tipo de tumor — de que a doença volte. Essa possibilidade, chamada de recidiva, é um dos aspectos mais temidos tanto por pacientes quanto por familiares.
Em oncologia, sabemos que a luta não termina com o último ciclo de quimioterapia ou a alta hospitalar. É preciso seguir em frente com consultas periódicas, exames de imagem e acompanhamento clínico, muitas vezes por anos, justamente para detectar precocemente qualquer sinal de retorno da doença.
Cada tipo de câncer tem protocolos específicos de acompanhamento. Para alguns tumores, exames de sangue e de imagem são realizados a cada três ou seis meses nos primeiros anos. Em outros, a recomendação é manter o rastreamento por uma década ou mais. Esse cuidado é essencial não apenas para flagrar recidivas, mas também para tratar efeitos tardios das terapias e apoiar a qualidade de vida dos pacientes.
Além do aspecto médico, existe o lado emocional. A ansiedade a cada consulta ou exame de controle é conhecida no meio médico como “scanxiety” — a angústia que antecede os exames de rotina. Trata-se de um sentimento legítimo e muito frequente entre sobreviventes do câncer, e que precisa ser reconhecido e acolhido.
Casos de pessoas públicas como Vera Viel acabam por dar visibilidade a essa realidade enfrentada por milhares de brasileiros todos os anos. Falar sobre recidiva e acompanhamento contínuo ajuda a quebrar tabus, amplia a conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce e estimula pacientes a não negligenciarem suas consultas de seguimento.
É importante lembrar que recorrência não significa derrota. Os avanços da medicina nos últimos anos trouxeram novas terapias-alvo, imunoterapias e protocolos personalizados que permitem controlar a doença e oferecer mais tempo e qualidade de vida aos pacientes. Cada vez mais, vemos histórias de pessoas que, mesmo diante de uma recidiva, conseguem vencer o câncer novamente.
O caso de Vera Viel nos lembra que a luta contra o câncer é feita de fases — diagnóstico, tratamento, acompanhamento e, quando necessário, recomeços. A melhor arma é a informação, o seguimento adequado e a esperança de que cada passo traz novas possibilidades de cura e de vida plena.