A Agência nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, nesta semana, a proibição da comercialização de todos os lotes do Café Câmara, nas versões torrado e moído, extraforte e tradicional. A medida foi tomada após a identificação de irregularidades graves no produto, incluindo a presença de fragmentos semelhantes a vidro.
Além da comercialização, a decisão da Anvisa também suspende a distribuição, fabricação, propaganda, uso e venda do café. O produto é considerado de origem desconhecida, e as empresas indicadas na embalagem como responsáveis pela fabricação (Sacipan, Sociedade Abast do Com e da Indústria de Panificação Sacipan S/A, e Lam Fonseca Produtos Alimentos Ltda.) estão em situação irregular, conforme verificado pela agência.
Um laudo emitido pelo Laboratório Central de saúde Pública Noel Nutels (Lacen/RJ) apontou a existência de fragmentos de corpo estranho com aparência de vidro no lote 160229. Com base nesse resultado, a Anvisa determinou a proibição de todas as unidades e lotes da marca em todo o país.
Outra irregularidade identificada foi o uso indevido do selo de pureza da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café). De acordo com a associação, a Sacipan não integra seus quadros desde 2016 e já havia sido notificada anteriormente por utilizar o selo de forma não autorizada.
A Abic também realizou uma análise do café Câmara em fevereiro de 2024 e constatou que o produto estava fora dos padrões exigidos, sendo considerado impuro.
O selo de pureza da Abic, criado em 1989, é utilizado para certificar cafés produzidos com 100% de grãos e sem a adição de substâncias proibidas.
Segundo as normas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura em 2022, cafés com esse selo não podem ultrapassar 1% de impurezas ou materiais estranhos. Entre as impurezas estão elementos como folhas, galhos e cascas. Já os materiais estranhos incluem pedras, areia e sementes de outras plantas. Também é proibida a presença de aditivos como corantes ou açúcar.