A pandemia deixou marcas que não se apagam com a volta à rotina. Milhões de brasileiros enfrentam hoje sintomas de ansiedade, depressão, esgotamento e insônia — muitas vezes sem perceber que estão doentes. A correria voltou, mas a mente ainda não se reorganizou.
O home office, que parecia o sonho da flexibilidade, trouxe também novos dilemas: jornadas que nunca terminam, dificuldade de desconectar, reuniões intermináveis e o acúmulo de papéis — profissionais, pais, cuidadores, professores improvisados.
O resultado foi um aumento expressivo nos diagnósticos de burnout e transtornos ansiosos.
De acordo com dados recentes do Ministério da saúde, um em cada cinco brasileiros relatou sintomas de depressão após a pandemia, e a busca por atendimento psicológico cresceu mais de 40% nas redes públicas e privadas.
O corpo fala. Irritabilidade constante, falta de prazer em atividades que antes traziam alegria, alterações no sono, dores sem explicação e isolamento social são sinais de que algo precisa de atenção.
O erro mais comum é achar que “vai passar sozinho”. Assim como uma dor física, o sofrimento emocional precisa ser cuidado — e, muitas vezes, tratado com ajuda profissional.
Falar sobre saúde mental ainda carrega tabu, mas procurar ajuda não é sinal de fraqueza. É sinal de lucidez.
Manter uma rotina de sono, praticar atividade física, equilibrar tempo de tela e tempo real, estabelecer limites no trabalho e, sobretudo, cultivar vínculos humanos de verdade — são atitudes simples que protegem nossa mente.
Afinal, saúde mental não é o oposto de tristeza: é a capacidade de se recompor, de se adaptar e de continuar com propósito, mesmo diante dos desafios.
Talvez o maior legado da pandemia seja este: aprendermos que saúde não é apenas ausência de doença, mas equilíbrio entre corpo, mente e sentido de vida.
Cuidar da mente é tão essencial quanto fazer um check-up, tomar um remédio ou seguir uma dieta. Porque o verdadeiro pós-pandemia começa quando a gente se permite respirar de novo — por dentro.