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“Câncer não é uma doença única: por que dois pacientes com o mesmo diagnóstico podem ter tratamentos tão diferentes”, por Doutor Jorge Abissamra Filho

Quando alguém recebe o diagnóstico de câncer, é comum surgir uma pergunta imediata: “Qual é o tratamento?”
A resposta, no entanto, quase nunca é simples. Isso porque, hoje, sabemos que câncer não é uma doença única, mesmo quando falamos do mesmo órgão.

Dois pacientes com “câncer de mama”, por exemplo, podem ter tumores completamente diferentes do ponto de vista biológico. Um pode Crescer lentamente e responder muito bem à hormonioterapia, enquanto outro pode ser agressivo, exigir quimioterapia e apresentar maior risco de recidiva. O nome da doença é o mesmo, mas o comportamento e o tratamento são totalmente distintos.

Essa diferença está relacionada às características moleculares e genéticas do tumor. Atualmente, além de avaliar tamanho e extensão da doença, os médicos analisam receptores hormonais, proteínas específicas e até alterações no DNA das células tumorais. Esses dados ajudam a definir não apenas se o paciente será tratado, mas como será tratado.

Esse avanço permitiu um conceito fundamental da oncologia moderna: tratamento personalizado. Em vez de oferecer o mesmo protocolo para todos, o objetivo passou a ser indicar a terapia certa para o paciente certo, no momento certo. Em muitos casos, isso significa menos toxicidade, menos efeitos colaterais e melhores resultados a longo prazo.

Um exemplo claro ocorre no câncer de mama. Pacientes com tumores de baixo risco podem ser tratadas apenas com cirurgia, radioterapia e hormonioterapia, evitando quimioterapia desnecessária. Já em tumores de maior risco, tratamentos mais intensivos podem salvar vidas. Essa individualização reduz tanto o subtratamento quanto o excesso de tratamento.

O mesmo raciocínio vale para outros tumores, como pulmão, cólon, rim e melanoma. Hoje, decisões terapêuticas são tomadas com base em um conjunto de informações clínicas, patológicas e moleculares, e não apenas no nome do câncer.

Entender que o câncer é uma doença heterogênea ajuda a diminuir a ansiedade do paciente e da família. Comparar tratamentos entre pessoas diferentes pode gerar confusão e medo desnecessário. O fato de um paciente precisar de um tratamento mais intenso não significa que outro esteja recebendo um cuidado inferior – significa apenas que o tumor é diferente.

A boa notícia é que essa abordagem cada vez mais precisa tem melhorado significativamente os resultados do tratamento oncológico. O futuro da oncologia não está em tratar mais, e sim em tratar melhor, com ciência, individualização e respeito à qualidade de vida.

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal HojeDiario.com).