Era uma bela manhã de inverno, com sol brilhando no horizonte, então resolvi dar um passeio. Eu caminhava por um local bem agradável, perto do qual há um lago cheio de carpas. Gosto muito de ir até lá e alimentar as carpas. Aquele dia, infelizmente eu esquecera de levar alguma coisa para elas.
Fui andando, andando… Finalmente já estava próxima do lago, quando vi na superfície brilhante, o dorso de uma carpa vermelho-alaranjado. Como eu caminhava na direção do sol, o excesso de claridade só me fazia ver brilhar parte do dorso do peixe.
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Ao me aproximar do lago, qual não foi minha desilusão, pois ao olhar para a carpa, vi apenas o reflexo de uma flor da mesma cor da carpa e à medida que o sol caminhava lentamente no céu o reflexo se dissipou.
Sentei-me ali um pouco, pensei em muitas coisas na vida. Quantas vezes eu vi carpas onde havia flores? Claro que isso é uma metáfora. Quantas vezes eu pensei ter visto, ouvido ou vivido algo e a minha percepção me traiu? Quantas vezes a raça humana faz isso?
Depois de um tempo pensando nisso, imaginei quantas mentiras são criadas com o brilho da verdade e quantas verdades soçobram à luz de mentiras que se parecem verdadeiras.
Temos o hábito de julgar pessoas sem fazer uma reflexão profunda, sem ao menos pensar que nossos olhares enviesados muitas vezes por falsas crenças, costumes e hábitos podem por a perder um grande amor, um emprego, uma longa e sincera amizade.
Quantas vezes vejo o ódio sendo destilado em redes sociais pelo simples prazer de causar dor no outro. É bem visível, na humanidade, distorcer a percepção do que é o amor, a fé, a paz e o respeito.
Assim como a flor, cujo reflexo fez com que eu pensasse que estivesse vendo a carpa, quantas outras coisas eu julguei porque vi apenas um reflexo do que verdadeiramente era. Naquele dia, eu ainda descobri que era uma flor e não o peixe, mas e quantas vezes eu acreditei que o reflexo era na verdade a realidade?
(Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiário.com)
