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“As drogas na pandemia”, por Felix Romanos

A pandemia do novo coronavírus impactou diversos setores da vida social em todo o mundo. A interrupção das aulas e os novos paradigmas da educação, desafios para os profissionais da saúde, queda nos indicadores de emprego e aumento da violência doméstica são os aspectos mais visíveis quando pensamos nos impactos da pandemia, entretanto, o aumento no consumo de drogas é um silencioso problema social que precisamos encarar.

Somente em 2020, os hospitais credenciados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) registraram um assustador e inédito aumento de 54% no atendimento de dependentes químicos, sendo a pandemia a causa direta para tal aumento.

O isolamento social, somado a problemas de saúde mental, sobretudo depressão e ansiedade são fatores que determinaram o consumo de drogas ilícitas. Outros aspectos também contribuíram para o aumento da dependência química durante a pandemia, destaco, entre vários, o aumento do desemprego, do subemprego e precarização do trabalho, aumento da pobreza, insegurança alimentar e aumento da baixa autoestima e, claro, o consequente medo oriundo desses fatores.

A entrada no mundo das drogas é variavelmente silenciosa, porém, os impactos são ensurdecedores, famílias inteiras são dilaceradas, e encarar o desafio de pautar o debate da dependência química na pandemia constitui a urgência do momento.

Segundo Relatório Nacional de Álcool e Drogas, elaborado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Brasil é o segundo maior mercado consumidor de drogas de todo o mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Na pandemia, os indicadores de consumo e dependência tiveram crescimento exponencial e os estudos apontam o enorme desafio de políticas públicas eficazes para reduzir de fato os impactos da dependência química na vida dos usuários, de seus respectivos familiares e também de seu ambiente social.

Assumir que temos um problema é o primeiro passo para encontrarmos soluções. Portanto, não é mais aceitável escondermos o aumento nos indicadores da dependência química em nosso país, especialmente durante a pandemia, pois os prejuízos são imensuráveis, e as famílias e seus usuários precisam de auxílio imediato.

O que fazer diante do aumento diário da dependência química? Quais políticas públicas devem ser instaladas? Quais entidades, associações e/ou organizações devem assumir esse compromisso? Essas perguntas são indispensáveis, mas não aliviam o drama da família que testemunha o caos da dependência química no interior de seu lar.

É necessário que tenhamos coragem de retirar a cortina de fumaça que esconde o problema, encará-lo de frente e assumir o compromisso coletivo de apontar respostas. Até lá, todos os atores envolvidos no trabalho com pessoas em situação de dependência química devem se colocar na defesa ética da vida e alimentar o amor como transformação direta e poder revolucionário para a recuperação, pois enquanto houver amor, haverá esperança; e enquanto houver esperança, é possível vencer!

(Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiário.com)