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“Ano novo, velhos problemas. Que tal focarmos na prevenção?”, por Felix Romanos

É comum na transição de um ano para o outro que projetos sejam desenhados. A ideia de que um novo ano trará coisas novas faz parte de nosso tecido social, entretanto, boa parte dessas idealizações se perdem já nas primeiras horas do ano que se inicia.

Como já confidenciei em colunas anteriores, fui dependente químico por 16 anos, morei na Cracolândia por quase um ano, tive doze internações e uma parte significativa de minha vida foi entregue às drogas.
Muitos dos meus leitores, usuários ou seus familiares, desejam que o ano que se inicia traduza uma efetiva ruptura com as drogas, o reencontro com a autoestima, a recuperação dos sonhos e uma vida sem drogas.

Entretanto, ainda nos primeiros dias de 2022, me deparo com a informação de que a concentração diária de dependentes químicos na região da Cracolândia voltou a apresentar o nível do período pré-pandemia, ou seja, mais usuários diários passaram a frequentar aquela região em entrega absoluta às drogas.
A Cracolândia traduz a força das drogas diante da fraqueza humana e da distopia do caos. Os quase 2 mil usuários que se concentram diariamente nas ruas do centro de São Paulo em absoluta entrega ao crack e outras drogas nos provocam a procurar respostas em como vencer as drogas.

A Cracolândia é um desafio social, uma interface de uma sociedade doente, e por mais que políticas higienistas busquem escondê-la de nossos olhos, as pessoas que ali procuram abrigo e entrega para a “viagem” das drogas são, antes de tudo, pais, mães, filhos, avôs. São pessoas na absoluta e complexa condição humana.
O nosso maior apelo e desafio, portanto, consiste em, entre outras coisas, observar os primeiros passos que podem levar para a entrada das drogas. O primeiro baseado, o primeiro porre de álcool, a primeira cheirada de pó e a primeira pedra. Todos esses passos iniciais devem ser evitados, pois uma vez iniciado, não há garantias de que os demais não sejam dados.

Se pudermos de fato mudar de imediato elementos de nossas vidas no novo ano, que mudemos a nossa sensibilidade, que sejamos atentos, observadores, sensatos, serenos e amorosos. Que nossos olhos possam estar abertos, nossos braços entregues aos abraços de paz, amor e perdão, que nosso colo esteja receptivo para acolher as angústias, medos, fraquezas e dores e que nossas palavras consigam alcançar os corações de modo mais rápido, mais intenso, mais profundo e mais verdadeiro que qualquer efeito promovido pelas drogas.

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiário.com)