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“Para minha mãe”, por Marcelo Candido

No último dia 22 de janeiro, morreu no Vietnã o monge budista Thich Nhat Hanh, aos 95 anos. Recomendo a quem tiver interesse, caso não conheça as muitas lições desse mestre, que busque conhecer. Asseguro que a experiência será em meio a uma fonte de inesgotável sabedoria. Além dos livros publicados, especialmente em língua portuguesa, há também um documentário disponível na Netflix intitulado “Caminhe comigo”. Vale muito a pena!

Pensei no monge neste dia 7 de fevereiro quando me pus a escrever este texto porque minha mãe completa 74 anos de uma vida repleta de muito amor, coragem e resiliência. Nesta altura da vida ela já ultrapassou o meu pai que morreu quando tinha 70 anos. Levando em consideração a beleza da animação “Viva – A Vida é uma Festa”, dos diretores Adrian Molina e Lee Unkrich, ganhador do Oscar® de melhor filme de animação em 2018, entre tantos outros prêmios, quando eles se encontrarem novamente ela se lhe apresentará aparentemente mais velha, o que desejo que seja muito, mas muito mais velha!

Caso eu ultrapasse a idade de ambos ao morrer, com base na estética e espiritualidade contidas na animação, aparentaria ser eu o pai biológico deles. Um reencontro assim seria de fato uma festa! Não caberia guardar em nenhum espaço o tamanho da felicidade que deste encontro brotaria. Ela seria tão absoluta que jamais haveria sido sentida em nenhum tempo e lugar nesta vida e assim experimentaríamos a forma do esplendor de um sentimento que se desdobraria infinitamente pela eternidade.

Voltando ao mestre budista, algo que aprendi ao ler o livro “Medo – Sabedoria: indispensável para transpor a tempestade”, foi o entendimento acerca do conceito de eternidade contido em seu ensinamento. Ele conecta a espiritualidade à ciência sem nenhuma margem de contradição, algo raro quando ambos os segmentos são confrontados. Entendo que somente a citação integral de um parágrafo que destaquei poderá dar a dimensão daquilo que quero oferecer em homenagem a minha mãe, mulher que amo de tal maneira que dói só de pensar em uma separação.

Porém, a sabedoria do monge dirá que não, que tal possibilidade inexiste, e que somente a grandeza de nossa natureza material e imaterial haverá de permitir o inexplicável amor que une gerações até que a condição de vida neste planeta se esgote. Nisto está a eternidade:

“Quando dizemos que corpo e mente estão conectados, não estamos nos referindo apenas ao seu corpo e mente individual. Em você estão todos os seus ancestrais consanguíneos e também seus ancestrais espirituais. Você pode tocar a presença do seu pai e mãe em cada célula do seu corpo. Eles estão verdadeiramente presentes em você, juntamente com seus avós e bisavós. Fazendo isto, você sabe que é uma continuação deles. Você poderia ter pensado que os seus ancestrais deixariam de existir, mas até mesmo os cientistas dizem que seus ancestrais estão presentes em você, na sua herança genética que está em cada célula do seu corpo. O mesmo é verdade para os seus descendentes. Você estará presente em cada célula dos corpos deles. E você está presente na consciência de cada pessoa que você tocou.”

Profundo…

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiario.com)