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“Patrícia Magalhães: da Cracolândia para o cargo mais importante do estado de Minas Gerais sobre políticas de drogas”, por Felix Romanos

Conheci a Patrícia quando buscava histórias de superação às drogas mais provocativas, impactantes e inspiradoras do Brasil para escrever meu livro ‘Provas de Amor’. Patrícia Magalhães foi por muitos anos usuária compulsiva de crack e outras drogas. Manipulou todos a sua volta para satisfazer seu consumo e, perdida em sua própria doença, causou impactos para si, para seus filhos, seus pais e todos ao seu redor.

Natural de Minas Gerais, teve uma formação privilegiada. Boas escolas, balé e esportes e faziam parte da rotina da “princesinha da família”. Porém, as companhias na adolescência a levaram a conhecer diretamente a cocaína.

Com a experiência nas drogas, o rendimento na escola, nos esporte e na dança despencaram na mesma medida em que a velocidade da cocaína passou a fazer parte de sua rotina, mas demorou muito para que seus familiares descobrissem sua relação com as drogas.

Uma gravidez na adolescência foi um impacto para os sonhos de continuar nos estudos ou no esporte, mas ajudou por um breve período a interrupção do consumo. Mas, pouco tempo após o nascimento de sua filha, iniciou um trabalho e com a companhia dos amigos novos, aprofundou suas experiências de consumo na cocaína, até a chegada do crack.

Após alguns anos, sua rede de relacionamentos a levou a festas luxuosas, mas o glamour demorou pouco tempo. Sem dinheiro e sem trabalho, após outras duas gravidez e três filhos para criar, Patrícia se encontra na tensão para sustentar seu consumo abusivo de drogas e não lhe resta outro caminho a não ser o aprofundamento do consumo.

Na tentativa de fugir das drogas, Patrícia se muda apenas com uma de suas filhas para Florianópolis, mas foi lá que as coisas pioraram e o crack entrou em sua vida. Após um novo relacionamento, ficou grávida do quarto filho em Santa Catarina no momento de maior intensidade de uso de drogas. Mediante o caos que sua vida se encontrava e o risco eminente de perder sua bebê, após o nascimento de sua pequena, sua mãe vem socorrê-la, mas sem saber da condição da filha com as drogas.

Após a saída da mãe, tudo volta ao normal, drogas em intensidade máxima até os recursos exaurirem. Sem alternativa, dinheiro, trabalho ou forma de se sustentar, Patrícia ingressa na prostituição, o lugar mais dramático sua condição de “princesinha da família”.

Sua experiência como profissional do sexo foi tão rápida como a intensidade de uma pedra de crack. Na casa de prostituição que trabalhava encontrou um amigo, confidente e novo companheiro, onde encontrou forças de proteção.

Porém, a força da doença era tão intensa que os episódios de fissura a consumiam e não foram poucas as vezes que sumiu de casa por dias, já em moradia com o novo companheiro, para se entregar ao uso compulsivo de drogas.

Quando o limite parecia ter chegado, Patrícia se aprofunda ainda mais no caos da doença da dependência química. Retorna com o companheiro e sua filha mais nova para Belo Horizonte, mas com o consumo abusivo não tratado e diante da intensidade, a família descobre que a “princesinha” era dependente química.

Diante da vergonha, medo, decepção e entregue ao consumo, Patrícia passa a morar na região da Cracolândia de Belo Horizonte e por seis meses acreditou que ali era seu lugar.

Porém, seus pais nunca a abandonaram e após buscar ajuda, passaram a procurar a amada filha em todos os locais da cidade até a encontrarem na Cracolândia. Patrícia estava no fundo do poço e não teve forças para reagir, a não ser se entregar aos cuidados ofertados por seu pai.

Com 42 quilos, foi tirada das ruas e levada para internação e tratamento na Fazenda da Esperança. Após um ano de tratamento e compreensão de sua doença, Patrícia reencontrou-se consigo mesma, se fortaleceu e desde então, nunca mais recaiu.

Patrícia Magalhaes se entregou em sua recuperação, retomou os estudos, se especializou na área de dependência química e hoje é uma das mais importantes protagonistas das políticas públicas contra as drogas no Estado de Minas Gerais. Atuou intensamente no alto escalão do governo estadual dos últimos quatro governadores de Minas e sua atuação impecável a colocou em destaque nacional, posição que ocupa nos dias atuais.

Demorou muitos anos para que Patrícia e seus familiares compreendessem a complexidade da dependência química na condição de doença, mas, a partir do momento que reconheceu estar doente e que precisava de ajuda, se entregou e em consequência de sua entrega, descobriu um mundo novo e assumiu para si a militância das políticas públicas contra as drogas.

Sua experiência de vida é um profundo ensinamento e, aqueles que estão dispostos a aprender, terão um maravilhoso encontro com a esperança.

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiario.com)