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“A ineficaz luta contra as drogas”, por Felix Romanos

Na última terça-feira (24/05), uma operação militar realizada na Vila Cruzeiro, zona norte da capital carioca entre Batalhão de Operações Especiais do Rio de Janeiro (BOPE), Polícia Rodoviária Federal (TRF) e Polícia Federal (PF) deixou ao menos 25 pessoas mortas.

Segundo a Polícia Militar, o objetivo da operação consistia em prender lideranças de facções criminosas responsáveis pelo tráfico de drogas na região, demonstrando mais uma face da chamada guerra contra as drogas travada em nosso país.

Meu propósito no texto é discutir a efetividade da chamada guerra contra as drogas, mas é necessário problematizar o grande número de mortes decorrentes da operação. Há depoimentos de moradores que apontam que pessoas não vinculadas com o tráfico foram mortas a facada e essa possibilidade, juntamente com o imaginário de ações violentas devem ser problematizadas em perspectivas que não me sinto habilitado para discorrer neste momento.

O meu foco é discutir a ideia de guerra contra as drogas e a ineficácia dessa política, digo isso porque de um lado, uma intervenção com tamanha letalidade coloca em risco a reputação de agentes de segurança pública, enquanto por outro, apresenta que os caminhos encontrados para o problema das drogas no Brasil estão longe de serem equacionados.

O Brasil é o segundo maior mercado consumidor de drogas de todo o mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos, isso mostra que as drogas não devem ser pensadas apenas do ponto de vista da segurança pública, mas sim, em uma perspectiva multidimensional, envolvendo, inicialmente, saúde, juntamente com educação, geração de emprego e renda e outras áreas.

O grande traficante de drogas não está nas periferias do Brasil e todos sabemos disso.

Reduzir o número de consumidores de drogas e a ação do tráfico pressupõe ter coragem de remodelar com urgência as estruturas da sociedade em que vivemos, ter coragem de perseguir os traficantes que fazem fortunas e vivem nos condomínios de luxo com empresas abertas de fachada e protegidos por políticos.

Precisamos ter coragem de encarar as casualidades que levam os jovens pobres das periferias aos atrativos do tráfico e criar políticas públicas efetivas para que esses jovens recebam escolarização, ingressem no mundo do trabalho e contribuam para o desenvolvimento de nossa sociedade.

Acreditar que intervenções bélicas nas periferias de nosso país serão responsáveis por acabar com o tráfico é a forma mais fácil e preguiçosa de ver o problema, ao mesmo passo, que justifica a crescente escalada no número de mortes e do contingente prisional.

Problemas complexos exigem análise densa, compromisso de apresentar caminhos de solução e principalmente, preservar a vida, entretanto, operações de grande magnitude e com alto número de mortes, eleva o capital político de gestores em shows pirotécnicos e coloca os agentes de segurança em condição de vulnerabilidade em uma guerra cotidiana.

Nessa guerra, ninguém ganha, todos perdem, policiais, moradores das periferias, jovens, mães e pais, enquanto os verdadeiros traficantes continuam abastecendo o país com toneladas de drogas.

Ou encaramos o problema com compromisso ético em defesa da vida, ou, mortes continuarão a ocorrer e que Deus nos proteja, para que a próxima vítima não seja você, eu ou alguém de nossa família.

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiario.com)