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Um ex-metalúrgico nordestino é eleito presidente do Brasil pela terceira vez; Conheça a trajetória e os principais acertos de Lula

Neste domingo (30), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito, em segundo turno, presidente da República pela terceira vez. Com isso, esta é a quinta eleição do Partido dos Trabalhadores para a chefia do país, e a primeira vez que um presidente no exercício do mandato perde a reeleição. 

Ao superar a candidatura de Jair Bolsonaro, Lula teve numericamente a maior votação da história do país, com 60.345.999 votos (50,90% dos votos válidos). O recorde anterior era dele mesmo, em 2006, com 58.295.042. Na época, governou até 2010, quando conseguiu eleger sua sucessora, Dilma Rousseff.

Apesar da vitória, Lula assume o cargo apenas em 1º de janeiro, quando repetirá a cena de duas décadas atrás, dessa vez, ao lado do ex-adversário Geraldo Alckmin (PSB), agora seu vice e, mais uma vez, subirá a rampa do Palácio do Planalto para vestir a faixa presidencial e dar início ao novo mandato de quatro anos de duração. Quando assumir o cargo, será o mais velho ocupante do cargo na história.

A vitória para Lula significa uma nova oportunidade para a esquerda brasileira. Isso porque durante os últimos anos, buscou provar ser inocente de acusações de corrupção, além de buscar reerguer o seu partido, abalado pela onda antipetista que, em 2018, levou Jair Bolsonaro à Presidência e resultou na eleição do Congresso mais conservador desde a redemocratização do país.

Origem e trajetória

Lula nasceu em 27 de outubro de 1945 no interior de Pernambuco. De família humilde, aos 7 anos de idade, migrou com a família para São Paulo. A viagem de quase duas semanas foi realizada por meio de um caminhão “pau de arara”, comum na época. 

Lula viveu na periferia do Guarujá e, em 1956, seguiu com a mãe e os seis irmãos para a capital, onde viveram nos fundos de um bar no bairro Ipiranga. 

Aos 12 anos, trabalhou como entregador, engraxate e office boy. Mais tarde, se empregou na Fábrica de Parafusos Marte e concluiu o curso de torneiro mecânico no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Aos 17 anos, exercendo a profissão de metalúrgico, perdeu o dedo mínimo da mão esquerda em um acidente de trabalho com torno mecânico.

Movimento sindical e PT

Lula trabalhou na Indústria Villares, metalúrgica em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista. Ingressou no movimento sindical por influência do irmão José, conhecido como Frei Chico. Foi suplente, primeiro-secretário e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema.

Reeleito presidente do sindicato, Lula ganhou visibilidade nacional pela liderança nas greves de metalúrgicos que contribuíram para o enfraquecimento da ditadura militar e paralisaram o ABC, entre 1964 e 1985. Na época, o governo federal reagiu, e o sindicalista ficou 31 dias na cadeia em 1980, com base na antiga Lei de Segurança Nacional.

Também em 1980, Lula iniciou a sua carreira político-partidária, com a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), junto com políticos, sindicalistas, intelectuais, lideranças rurais e religiosas. Na ocasião, o país entrava na reta final da ditadura, com a abertura política “lenta e gradual” definida pelos militares, e ganhou alternativa de partido à esquerda.

Em 1982, Lula disputou o governo do Estado de São Paulo e, sem sucesso, terminou em quarto lugar, com menos de 10% dos votos. Anos depois, em 1986, foi eleito deputado federal, participando da Assembleia Nacional Constituinte, que promulgou dois anos depois a atual Constituição do Brasil.

Em 1989, o petista estreou na corrida ao Planalto na primeira eleição direta para presidente desde 1960. Ele chegou ao segundo turno, porém foi derrotado por Fernando Collor de Mello, que dois anos depois, renunciou e foi condenado em um processo de impeachment motivado por denúncias de corrupção.

Em nova disputa nas urnas, acabou derrotado em 1994 por Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, candidato impulsionado pelo êxito do Plano Real no combate à inflação.

Primeira vitória

Em 2002, com a impopularidade de Fernando Henrique Cardoso, a vitória de Lula se tornava mais provável. Sendo assim, Lula abraçou o marketing político como centralizador das mensagens eleitorais, com sua versão”paz e amor”. Um dos pontos cruciais da candidatura foi a chamada “Carta ao povo brasileiro”, em que Lula acalmava o mercado com promessas de manter os pilares macroeconômicos do antecessor e governar com responsabilidade fiscal.

Eleito com 52,7 milhões de votos, atingiu o objetivo e derrotou no segundo turno José Serra (PSDB), candidato governista. Em 1º de janeiro de 2003, tornou-se o primeiro operário a governar o Brasil. Definiu como meta a redução da miséria e da desigualdade, aprimorou políticas sociais e lançou programas como Fome Zero, Bolsa Família e ProUni.

Mensalão

Em 2005 estourou o escândalo do mensalão. O então deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson, delatou em entrevista um esquema de compra de apoio político no Congresso por meio de mesadas pagas a parlamentares de partidos da base de Lula.

O escândalo resultou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios e derrubou o ministro da Casa Civil, José Dirceu. O PT argumentava que o esquema se tratava de caixa dois, dinheiro não declarado à Justiça Eleitoral.

Ainda em 2005, Lula foi à televisão para um pronunciamento em cadeia nacional no qual se disse “traído”. Sem usar a palavra mensalão, admitiu que o partido e o governo tinham errado e deveriam pedir desculpas.

No período, sua popularidade afundou até a faixa dos 30%. Apesar disso, em 2006, resistiu à crise, ampliou a base parlamentar e se manteve popular graças ao bom momento da economia, que estava com a inflação sob controle, crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e aumento da classe média, cenário favorecido pela valorização das commodities. 

Com o desempenho refletindo nas urnas, recebeu 58,2 milhões de votos e venceu Geraldo Alckmin, que estava no PSDB. Reeleito no segundo turno, Lula lançou programas, com destaque para a política de habitação do Minha Casa, Minha Vida e para as obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), coordenado até então pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. 

Com aprovação recorde de 87%, o petista se despediu em 2010 tendo sido decisivo na vitória de Dilma Rousseff (PT), sua ex-ministra, na corrida presidencial.

Lava Jato

Como ex-presidente, Lula viveu inúmeros altos e baixos fora do Planalto. Nos primeiros meses longe de Brasília, Lula foi diagnosticado com câncer na laringe e deu início a um longo tratamento. Na época, também viu o Supremo Tribunal Federal (STF) condenar 28 dos 38 réus na ação penal do mensalão.

Já em 2014, a vontade de Dilma se reeleger prevaleceu. Em uma campanha acirrada com menor presença do ex-presidente, a petista venceu Aécio Neves por margem estreita.

No mesmo ano, começou a Operação Lava Jato, que descobriu esquema de desvio de recursos públicos nas gestões petistas por meio de contratos da Petrobras. As acusações de corrupção na estatal fizeram com que Lula fosse pela primeira vez ouvido como testemunha em uma série de investigações sobre integrantes do seu governo.

Sob a condução de Sérgio Moro, juiz da 13ª Vara Criminal de Curitiba. A Lava Jato gerou delações, devolução de parte do dinheiro desviado, prisões de empreiteiros e políticos e influenciou no impeachment de Dilma, em 2016. A cassação marcou a saída do PT do Planalto após 13 anos no poder.

Prisão

Em 2017, Lula foi condenado por Moro por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex em Guarujá (SP). A condenação, a primeira de um ex-presidente por crime comum no Brasil, foi confirmada no ano seguinte no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), a segunda instância da Justiça Federal. Para três desembargadores, Lula recebeu propina da construtora OAS por meio do triplex e de reformas no imóvel.

Durante as acusações, Lula negava os crimes e se dizia vítima de perseguição e, a partir daí, travou-se uma batalha nos tribunais. Como o STF tinha entendimento de que era possível cumprir a pena após condenação em segunda instância, Lula foi preso em 7 de abril de 2018 e levado para uma sala na sede da Polícia Federal em Curitiba, onde ficou preso por 580 dias.

No início de abril de 2018, Lula pediu registro da candidatura a presidente. Naquele momento, líder nas pesquisas, teve o registro rejeitado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o considerou inelegível em razão da Lei da Ficha Limpa. Em contrapartida, Fernando Haddad (PT) substituiu o ex-presidente e foi derrotado no segundo turno por Bolsonaro, na época pelo PSL. 

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a condenação pelo caso triplex, porém Lula deixou a prisão em 8 de novembro de 2019 após o STF considerar inconstitucional a prisão em segunda instância, antes de se esgotarem todos os recursos. O TRF-4 ainda condenou o ex-presidente por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do sítio de Atibaia, mas ele recorreu em liberdade.

Lula seguia inelegível, situação que mudou em março de 2021. O ministro Edson Fachin, do STF, anulou as condenações impostas por Moro, decisão confirmada pelo plenário do tribunal, que entendeu que o juiz não tinha competência para julgar com imparcialidade quatro processos contra o petista.

Com isso, Lula recuperou os direitos políticos e ficou elegível. O STF ainda julgou Moro, que em 2019 virou ministro da Justiça de Bolsonaro, parcial na condenação de Lula no caso do triplex. Atualmente, após todos os desdobramentos da Lava Jato, os processos contra Lula na Justiça, estão encerrados ou suspensos.

Eleições de 2022

Em julho deste ano, Lula reuniu antigos aliados e adversários, em uma chapa com Geraldo Alckmin, em uma frente contra Jair Bolsonaro. 
A campanha focou em temas como retomada do crescimento financeiro, medidas econômicas para tirar o país da crise, redução da miséria no país, retomada de programas implementados em seu governo e a defesa da democracia.

De olho no voto dos cristãos e a três dias da eleição, Lula lançou uma nova “Carta para o Brasil do amanhã”, se referindo aos evangélicos, na qual reafirmou ser pessoalmente contrário ao aborto, criticou o uso da fé com finalidade eleitoreira e desmentiu boatos de que fecharia templos religiosos, caso fosse eleito.

Em outra publicação, o portal HojeDiario.com revelou na íntegra quais são os planos e propostas para o governo Lula. Confira por meio deste link: https://hojediario.com/2022/10/28/eleicoes-2022-confira-quais-sao-as-principais-propostas-do-candidato-a-presidente-lula-pt/

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