Morreu nesta sexta-feira (24), aos 94 anos, o médico e professor Doutor Wilmes Roberto Gonçalves Teixeira, uma das maiores referências da medicina legal no Brasil. Muito atuante em Suzano e Mogi das Cruzes, Wilmes vinha enfrentando problemas de saúde há algum tempo.
Nascido em 1930, na cidade de Espírito Santo do Pinhal, no interior de São Paulo, Wilmes destacou-se desde cedo por sua dedicação aos estudos. Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em 1955, realizou residência em cirurgia geral no Hospital das Clínicas e, posteriormente, especializou-se em medicina legal, conquistando o título pela Sociedade Brasileira de Medicina Legal.
Doutor Wilmes aprimorou seus conhecimentos em instituições renomadas nos Estados Unidos, realizando cursos relacionados a técnicas avançadas em medicina legal e tipagem de DNA. Sua formação internacional incluiu passagens por universidades e centros de pesquisa em Dallas, Miami, Nova Iorque e Kansas.
No Brasil, tornou-se livre-docente na Universidade de Mogi das Cruzes, onde desenvolveu pesquisas pioneiras, como a tese “Colposcopia Himenal em Perícias Médico-Legais”. O estudo, que introduziu o uso rotineiro do colposcópio em exames de vítimas de crimes sexuais, tornou-se referência internacional.
Suas áreas de atuação também englobaram a deontologia e a bioética, além de pesquisas voltadas à antropologia forense, proteção de crianças vítimas de violência e sistematização de exames para vítimas de agressão sexual. Em 1985, coordenou a histórica perícia para identificação da ossada de Joseph Mengele, em Embu das Artes, cidade da Grande São Paulo, um marco na medicina legal brasileira.
Wilmes foi professor titular de medicina legal em diversas instituições de ensino superior, como a Universidade Braz Cubas (UBC, atual Centro Universitário Braz Cubas), a Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e a Faculdade Unida de Suzano (Unisuz, atual Centro Universitário de Suzano). Além disso, exerceu funções importantes em órgãos médicos, incluindo o cargo de médico legista chefe em Mogi das Cruzes e coordenador do Centro de Investigações de Crimes Sexuais (Cics).
Reconhecido como um dos pioneiros na abordagem da síndrome do bebê espancado no Brasil, Wilmes publicou artigos que alcançaram relevância nacional e internacional. Sua contribuição científica foi frequentemente destacada por veículos de comunicação de grande alcance, como a TV Globo, BBC e emissoras dos Estados Unidos.
Ao longo de sua carreira, Wilmes foi agraciado com diversas honrarias, incluindo medalhas e títulos de reconhecimento por serviços prestados à medicina legal. Foi membro emérito da Academia de Medicina de São Paulo e recebeu homenagens de organizações nacionais e internacionais, como a International Reference Organization in Forensic Medicine and Sciences e a American Academy of Forensic Sciences.
Entre suas comendas mais importantes destacam-se a medalha Anchieta da Câmara Municipal de São Paulo e a H. Ward Smith Award, conferida nos Estados Unidos.
Wilmes era casado com a professora e doutora Cândida Maria Plaza Teixeira (in memorian) e pai de três filhos. Até o fechamento desta reportagem, não havia informações sobre e velório e sepultamento do médico.
