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“O que é câncer?”, por Doutor Jorge Abissamra Filho

Câncer. Essa palavra assusta muitas pessoas, mas entender o que ela significa é o primeiro passo para combater o medo. Neste artigo, vamos explicar de forma clara e acessível o que é o câncer, como ele se desenvolve no corpo humano, quais são os principais tipos que existem, os fatores de risco mais comuns e a importância do diagnóstico precoce e da prevenção. Tudo em linguagem simples, para que todos possam compreender.

O que é câncer?

Câncer é um termo genérico para um conjunto de mais de 100 doenças caracterizadas pelo crescimento desordenado de células anormais no organismo . Em condições normais, as células do nosso corpo crescem, se dividem e morrem de maneira controlada. No câncer, esse processo foge do controle: células defeituosas passam a se multiplicar sem parar, formando uma massa de células chamada tumor. Essas células cancerosas podem invadir tecidos vizinhos e até se espalhar para outras partes do corpo através do sangue ou do sistema linfático – processo conhecido como metástase (quando o câncer “espalha” para outros órgãos).

Como o câncer se desenvolve no corpo humano

O câncer começa em uma célula individual. Ao longo do tempo, essa célula pode sofrer mutações (alterações) no seu material genético (DNA) que fazem com que ela perca os mecanismos de controle de crescimento. Em outras palavras, a célula danificada esquece a hora de parar de se dividir. Gradualmente, essa célula anormal dá origem a muitas outras iguais a ela, levando ao surgimento de um tumor maligno. Diferentemente de células normais, que obedecem a sinais de parada, as células cancerosas continuam se multiplicando e podem invadir o tecido ao redor. Se não forem controladas, elas também podem migrar e formar novos tumores em órgãos distantes (metástases), tornando o tratamento mais complicado.

É importante notar que o desenvolvimento do câncer costuma ser um processo gradual. Muitas vezes, leva anos ou até décadas para que uma célula mutada prolifere o suficiente e cause sintomas. O organismo possui defesas naturais que tentam eliminar células anormais, mas algumas conseguem escapar. Quando o câncer é detectado ainda no início, antes de se espalhar, há mais chances de tratamento bem-sucedido. Já tumores em estágio avançado (com metástases) são mais difíceis de tratar, reforçando a necessidade de ficar atento aos sinais do corpo.

Principais tipos de câncer

Existem muitos tipos de câncer, geralmente nomeados de acordo com o local ou o tipo de célula em que surgem. A seguir, listamos alguns dos tipos mais comuns e conhecidos:

  • Câncer de mama: Tumor maligno que se origina no tecido da mama. É um dos tipos de câncer mais comuns no mundo e acomete principalmente as mulheres (embora homens também possam desenvolvê-lo). Costuma ser detectado como um caroço (nódulo) no seio, e a detecção precoce através de exames como a mamografia aumenta muito as chances de cura.

  • Câncer de próstata: Atinge a próstata, glândula presente no sistema reprodutor masculino. É um dos cânceres mais frequentes em homens, sobretudo acima dos 50 anos. Em fases iniciais pode não causar sintomas, por isso exames de rotina (como toque retal e dosagem de PSA) são importantes para detectá-lo precocemente.

  • Câncer de pulmão: Surge nos pulmões e está fortemente associado ao tabagismo (fumo). É um dos tipos mais letais de câncer, em parte porque costuma ser descoberto já em estágios avançados. Parar de fumar e evitar ambientes com fumaça são as melhores formas de prevenir esse tipo de câncer.

  • Câncer de pele: Desenvolve-se nas células da pele, geralmente devido à exposição excessiva ao sol ao longo da vida. É o tipo de câncer mais comum no Brasil. Pode se manifestar como manchas, feridas que não cicatrizam ou sinais (pintas) que mudam de aparência. Inclui diferentes subtipos, como o carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular e o melanoma (forma mais agressiva de câncer de pele). Usar protetor solar e evitar sol intenso são medidas simples e eficazes de prevenção.

  • Câncer de intestino (colorretal): Afeta o cólon e o reto (partes do intestino grosso). É um dos cânceres mais comuns tanto em homens quanto em mulheres, especialmente em pessoas com mais de 50 anos. Fatores como dieta pobre em fibras e rica em gorduras, obesidade e histórico familiar podem aumentar o risco. Sangue nas fezes e alterações do hábito intestinal podem ser sinais de alerta; exames como a colonoscopia ajudam a diagnosticar esse câncer precocemente.

(Há muitos outros tipos de câncer, como os de estômago, fígado, colo do útero, leucemias que afetam o sangue, entre outros. Cada tipo tem características e fatores de risco próprios, mas todos envolvem o crescimento celular descontrolado.)

Fatores de risco mais comuns

Vários fatores de risco podem contribuir para o desenvolvimento do câncer. Fator de risco é qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa ter a doença. A seguir, destacamos os mais comuns e importantes:

  • Tabagismo (cigarro): O fumo é o fator de risco isolado que mais causa câncer no mundo. Substâncias químicas presentes no cigarro provocam danos no DNA das células, levando a mutações cancerígenas. Fumar está relacionado não só ao câncer de pulmão, mas também a diversos outros (boca, garganta, esôfago, laringe, estômago, rim, bexiga, entre outros) Estima-se que cerca de 30% de todos os casos de câncer no mundo estão associados ao tabagismo. Ou seja, aproximadamente 1 em cada 3 casos poderia ser evitado se ninguém fumasse. O tabagismo passivo (respirar a fumaça de terceiros) também aumenta o risco.

  • Genética/hereditariedade: A história familiar pode influenciar o risco de certos cânceres. Algumas pessoas herdam dos pais mutações genéticas que aumentam a predisposição a desenvolver câncer (por exemplo, mutações nos genes BRCA elevam o risco de câncer de mama e ovário). No entanto, é importante destacar que a maioria dos casos de câncer não é hereditária. Apenas cerca de 5% a 10% de todos os cânceres são causados principalmente por mutações genéticas herdadas. Na maioria dos casos, as mutações que levam ao câncer são adquiridas ao longo da vida devido a fatores ambientais ou comportamentais.

  • Alimentação inadequada e obesidade: Uma dieta pobre em nutrientes e rica em alimentos ultraprocessados, gorduras e açúcar pode aumentar o risco de câncer. Por outro lado, uma alimentação saudável, rica em frutas, legumes, verduras e fibras, ajuda na proteção. O excesso de peso (obesidade) e o sedentarismo estão ligados a maior incidência de diversos cânceres, como os de intestino, mama e útero. Estudos indicam que dietas com muita gordura animal e poucas fibras estão associadas a taxas mais altas desses cânceres. Manter um peso saudável através de dieta equilibrada e atividade física regular é uma forma importante de reduzir o risco.

  • Exposição excessiva ao sol: A radiação ultravioleta (UV) emitida pelo sol é a principal responsável pelo câncer de pele. Tomar muito sol sem proteção ao longo da vida causa danos cumulativos às células da pele. A exposição solar excessiva é, de fato, o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pele. Pessoas de pele clara são mais vulneráveis, mas todos devem se proteger. Usar protetor solar regularmente, evitar o sol nos horários de pico (10h às 16h) e usar barreiras físicas (chapéu, roupas) são medidas que diminuem bastante esse risco.

  • Consumo de álcool: O consumo exagerado e frequente de bebidas alcoólicas também aumenta o risco de vários tipos de câncer. Há evidências de que o álcool está relacionado especialmente a cânceres de fígado, boca, garganta (faringe, laringe), esôfago, cólon e reto e mama. Quanto maior a quantidade de álcool ingerida regularmente, maior o risco. Por isso, é recomendável moderar o consumo de bebidas alcoólicas. De modo geral, manter-se dentro dos limites de moderação (no máximo uma dose por dia para mulheres e duas para homens) pode reduzir esse fator de risco.

Vale lembrar que ter um fator de risco não significa que a pessoa terá câncer com certeza – apenas eleva a probabilidade. Há fumantes que nunca desenvolvem câncer, assim como não fumantes que acabam tendo a doença por outros motivos. Os fatores de risco indicam tendências estatísticas. Quanto mais fatores de risco uma pessoa acumula, maior a chance de ocorrerem as mutações que iniciam o câncer.

Importância do diagnóstico precoce e da prevenção

Detectar o câncer cedo faz uma enorme diferença. Quando a doença é diagnosticada precocemente, ainda em fases iniciais, as chances de cura são muito maiores . Por exemplo, um tumor que ainda não se espalhou pode muitas vezes ser removido por cirurgia ou controlado com tratamentos localizados, alcançando a cura. Segundo especialistas, “quando o câncer é descoberto cedo, a chance de cura é muito elevada. O tempo faz toda a diferença no tratamento da doença” . Em contrapartida, se o diagnóstico vem tardiamente, com o câncer já avançado, o tratamento se torna mais difícil, podendo exigir combinações de cirurgia, quimioterapia e radioterapia, e as chances de sucesso diminuem. Por isso, é fundamental não esperar o problema piorar: procurar avaliação médica diante de sintomas persistentes (como perda de peso inexplicada, caroços, sangramentos anormais, etc.) e realizar exames de rastreamento conforme a idade e fatores de risco. Exames como mamografia (para detecção do câncer de mama), Papanicolau (para câncer de colo do útero), colonoscopia (para câncer de intestino) e exames dermatológicos da pele são exemplos de estratégias de diagnóstico precoce que salvam muitas vidas.

A prevenção é outra aliada poderosa no combate ao câncer. Significa adotar hábitos e medidas para evitar que o câncer apareça. Estima-se que entre 30% e 50% de todos os casos de câncer poderiam ser evitados através de escolhas de estilo de vida saudáveis . Ou seja, potencialmente até a metade dos casos não aconteceriam se as pessoas seguissem medidas preventivas adequadas. Dentre as principais ações de prevenção, destacam-se: não fumar, manter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos regularmente, moderar ou evitar o consumo de álcool, usar proteção solar e vacinar-se contra infecções relacionadas ao câncer (como os vírus HPV e hepatite B, que estão ligados a câncer de colo do útero e fígado, respectivamente). Adotar esses hábitos reduz significativamente o risco de desenvolver câncer e traz benefícios para a saúde em geral.

Em resumo, conhecer o câncer e seus fatores de risco nos dá poder para agir. Levar uma vida saudável e fazer check-ups regulares são estratégias que andam de mãos dadas: ajudam a prevenir muitos casos e a identificar precocemente os tumores que porventura surjam. Com informação, prevenção e diagnóstico precoce, é possível salvar vidas e reduzir o impacto do câncer na sociedade. Cada pessoa pode fazer sua parte cuidando do próprio corpo e incentivando quem está ao redor a fazer o mesmo. Informação é o melhor remédio na luta contra o câncer!

(Este texto não reflete, necessariamente, na opinião do Portal HojeDiario.com).