Celebrado em 8 de abril, o Dia Mundial de Combate ao Câncer é uma oportunidade para refletir sobre os desafios enfrentados por pacientes e sobre histórias de superação, acolhimento e resiliência.
Um exemplo é a trajetória de Sandra Gonçalves, de 53 anos, professora e moradora de Suzano, que há mais de uma década enfrenta o câncer de mama metastático. Ela conversou com a reportagem do portal Hoje Diário.
“Quando a morte chegar, me encontrará vivendo” é o lema de vida de Sandra, que também atua como sentinela — acompanhando outras pessoas com câncer — e promove conscientização por meio das redes sociais.
Diagnosticada com câncer em 2013, após anos buscando atendimento médico, Sandra relata ter sido negligenciada por três profissionais.
“Como o nódulo crescia, procurei o posto de saúde em Suzano. Uma médica disse que era coisa da minha cabeça — nem me olhou nos olhos. Em outra consulta, outra profissional afirmou que eu estava ‘procurando doença’. Até que uma enfermeira levou meu relato a sério e detectou o nódulo, que já tinha o tamanho de um limão-taiti”, relembra.
Últimas Notícias
- Suzano é palco de debate sobre Inteligência Artificial na Região Central de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi nesta quinta-feira (24)
- Neste domingo (27), moradores de Mogi das Cruzes podem participar de seletiva para tiro com arco; veja detalhes
- “Encontro dos Fiapos de Manga”: Evento de cães sem raça definida será realizado no Suzano Shopping neste domingo (27)
Desde então, sua vida mudou drasticamente. Ela precisou abandonar a rotina como professora e passou a viver entre sessões de quimioterapia e exames.
Foi nesse contexto que decidiu compartilhar sua trajetória nas redes sociais como forma de acolhimento e informação:
“Quando minha médica disse que eu não voltaria mais às minhas atividades profissionais, resolvi fazer um diário de bordo virtual. Era minha forma de me organizar emocionalmente e responder a todos que queriam saber como eu estava. Compartilhar virou cuidado coletivo”, conta Sandra.
A partir dessa iniciativa, passou a acolher outras mulheres diagnosticadas com câncer, criou grupos de apoio e se aproximou de instituições que oferecem suporte humanizado a pacientes em tratamento. Além dos grupos que lidera, Sandra atua como paciente sentinela, acompanhando mulheres em fase terminal.
“O sentinela acompanha quem está em fim de vida, resgata sua biografia, oferece cuidado, conforto e dignidade. Porque a pessoa não é a doença. Ela é tudo o que viveu. Usamos cromoterapia, aromaterapia, comida afetiva — o que a pessoa quiser comer, de forma acolhedora. Cuidamos também da família. Ninguém é o dia da sua morte. A gente é o que viveu. Quem cuida da doença, perde. O foco dos cuidados paliativos é a vida, a dignidade”, explicou.
Sandra também faz questão de combater o estigma do heroísmo em torno dos pacientes diagnosticados com câncer.
“Existe uma Sandra antes e uma depois do câncer. Hoje sei que é possível ter qualidade de vida, apesar do diagnóstico. Meu propósito é mostrar que cuidados paliativos não são só para o fim da vida. Câncer não é sentença de morte. Estou aqui há 12 anos, de salto alto, realizando projetos. E é importante dizer: não somos guerreiras ou lutadoras. Nossa luta é por acesso — à medicação, ao respeito, à dignidade”, disse.
Mesmo diante dos diagnósticos, tratamentos agressivos e sequelas, ela se mantém ativa em projetos sociais, fóruns, campanhas e ações voluntárias, como na Casa do Cuidar — espaço onde faz tratamento e colabora com outros pacientes.
“Câncer não é sentença de morte. Estou há 12 anos vivendo com qualidade, me cuidando e fazendo o que amo. Estou aqui, de salto alto, construindo pontes de empatia”, reforça.
Sandra também encontrou nas redes sociais e na fotografia uma forma de expressar sua jornada.
“Tirava fotos para minhas filhas. Foram 28 sessões, uma por dia, antes da radioterapia. Sem cabelo, cílios ou sobrancelhas. No meio das queimaduras, descobri quem eu era. A essência da Sandra. Fazia os registros como lembrança. Mas pensei: ‘Se eu sobreviver, terei uma história para contar. Se não, elas terão minha memória.’ E, graças a Deus, eu sobrevivi. Nestes últimos cinco anos, tenho contado minha trajetória. Já acolhi muitas meninas, consegui apoio médico e psicológico, e sigo com o projeto ‘Apaixone-se por Si’. Já ganhei 23 books de fotógrafos. Participo de campanhas e sou voluntária em várias instituições”, conta.
Por fim, Sandra deixa uma reflexão.
“Meu propósito é mostrar que viver é urgente. E que toda mulher merece ser ouvida, cuidada e lembrada como alguém que importa”, finaliza.
Interessados em se tornar um sentinela podem procurar uma rede médica e se voluntariar. Para acompanhar a rotina e os cuidados compartilhados por Sandra, acesse o perfil no Instagram @sandragona____.



