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“HALLELUJAH, Cohen.” por Marcelo Candido

O Livro de Jó é um dos mais belos textos já produzidos pela humanidade. Mesmo com sua dramaticidade que se inicia a partir de uma provocação feita pelo Satã a Deus, a redenção alcança nosso personagem que, ao final, dirige-se a Deus e manifesta: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora meus olhos te veem.” Talvez essa seja a manifestação mais profunda feita por alguém que, mesmo perdendo tudo, é capaz de aceitar e se regozijar diante do Altíssimo. Por certo são raras as pessoas, como a personagem de Jó, que suportam intensos sofrimentos tão trágicos e mortificantes. E esta talvez seja a maior história de superação já contada.

A reflexão feita aqui é literária, não religiosa e não motivada pela fé, pois o propósito é aproximar Jó das ideias de um homem que viveu na Pérsia do século 12, Rumi de Bactro, jurista, teólogo e poeta que nos deixou a seguinte ideia: “É pela ferida (da alma) que a luz entra em você”. Em Jó, a luz foi percebida pelos olhos metaforicamente abertos diante de Deus que lhe permitiu a experiência da plenitude. Em Rumi, o ferimento da alma permite que a luz entre exatamente por ali, fazendo curar até os maiores sofrimentos.

O cantor, compositor, escritor e poeta Leonard Cohen, que também foi monge budista, inspirado em Rumi, cantou: “há uma rachadura em todas as coisas. É por ela que a luz entra”. Mas foi na canção “Lover, Lover, Lover” que Cohen foi capaz de, também inspirado em Rumi, compor uma bela canção temporal com forte teor sagrado. E é nesta canção que, conhecendo a existência do Livro de Jó, é possível também identificar a posição resignada de um homem frente a Deus que em razão da existência de tantas feridas ainda O vê na plenitude.

Tanto em Jó, um Livro do Velho Testamento bíblico, como em Rumi, escritor persa do século 12, a superação de dores indescritíveis é possível quando se vislumbra a luz. Para o primeiro, externamente, frente à Deus; para o segundo, internamente, pelo ingresso de algo sagrado. O trabalho de Leonard Cohen acaba por unificar tradições religiosas diferentes por meio da poesia, mesmo que de forma não intencional. Podemos ser alcançados pela luz emitida por uma força atemporal. Hallelujah! Ao canal Meteoro Brasil, grato pela inspiração.

(Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiário.com)