Awêry, palavra do idioma Pataxó, significa “obrigado” ou “gratidão”. Esse é o sentimento que o Espaço Iauê, localizado no Jardim Santa Luiza, em Poá, desperta nos moradores que buscam se reconectar com as culturas originárias e tradicionais do Brasil.
Fundado em 2019, o espaço se tornou um ponto de convergência de saberes, práticas culturais e sustentáveis, transformando um antigo terreno abandonado em um polo de preservação ambiental e valorização da diversidade cultural.
Ana Pires, idealizadora do Espaço Iauê, explica que o projeto nasceu da necessidade de revitalizar um terreno que acumulava lixo e gerava riscos sanitários para a comunidade.
“Foram anos cuidando da terra e promovendo encontros culturais até que, em 2023, conseguimos a contemplação do projeto na Lei Paulo Gustavo. Isso nos permitiu transformar o espaço em um ponto de encontro para promover cultura, educação e preservação ambiental. Nossa ideia sempre foi oferecer um ambiente de aprendizado, troca de saberes e práticas sustentáveis, resgatando a conexão com as culturas originárias, tradicionais e populares, pois não havia um espaço dedicado à história indígena e às culturas tradicionais na região”, explicou Ana.
Em 2024, o espaço recebeu a visita de indígenas da Aldeia Pequi, na Bahia, reforçando sua missão de reconexão com os povos originários. Camila Gomes, indígena do povo Kayapó e colaboradora do projeto, destacou a importância desse encontro.
“A presença de Edilson, Peroba e Pajé Pataxó foi essencial para a construção dessa etapa do Iauê. Eles compartilharam saberes de bioconstrução, manejo de plantação e práticas sustentáveis com toda a comunidade. Facilitamos também uma confluência com crianças e educadores da escola Antônio Carlos de Paula, que participaram ativamente do cuidado da horta e das trocas de saberes originários”, disse.
Últimas Notícias
- CONDEMAT+ e SENAC Guarulhos abrem vagas para o curso de Técnico em Guia de Turismo
- Adolescentes e jovens de Mogi das Cruzes podem participar de programa que oferece curso gratuito de cinema; veja
- Integrantes da ‘quadrilha da moto’ são presos durante operação em Itaquaquecetuba; detidos estão sendo investigados por latrocínio na região
O Espaço Iauê tem causado transformações significativas no Alto Tietê, especialmente ao valorizar as culturas originárias e de matriz afro-brasileira.
“Oferecemos oficinas, eventos e vivências que geram um movimento de reconhecimento de culturas que são patrimônios imateriais da nossa história. Descobrimos, por exemplo, famílias de origem indígena na comunidade e promovemos a inclusão de artistas indígenas, como Juà Payayá e Aroera Guaru Maromomi, que enriquecem nossas atividades com seus saberes e tradições”, comentou Camila.
Ana Pires também ressaltou a importância das parcerias com a Aldeia Pequi e a marujada de São Benedito da Bahia.
“Essas colaborações ampliam o alcance das ações do projeto e fortalecem nossa missão de promover culturas tradicionais e populares. As trocas de ideias entre espaços culturais facilitam atividades conjuntas, como eventos, oficinas e debates. Isso também engaja mais pessoas e promove um ambiente inclusivo, com foco no respeito e no aprendizado mútuo”, completou Ana.
Para 2025, o Espaço Iauê planeja expandir suas atividades, fortalecendo parcerias com escolas e organizações culturais.
“Os próximos passos incluem manter as atividades já existentes, como as oficinas de saberes de terreiro, atabaque, capoeira e o ciclo Yvy, que debate questões de território e corpo. Também queremos expandir as atividades, alcançar um público maior e firmar mais parcerias com espaços educativos. Além disso, pretendemos incluir outras culturas tradicionais e populares que ainda não integraram nossa programação, garantindo uma troca ainda mais rica de saberes e experiências culturais”, concluiu Camila Gomes.