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“Democracias”, por Marco Tanoeiro

Nos últimos dias o mundo voltou suas atenções para a eleição presidencial nos Estados Unidos. Pela dimensão do Império Yankee, o resultado do pleito norte-americano possui influencia global. Mas neste texto não tratarei do complexo e por vezes confuso sistema eleitoral americano. A chamada “maior democracia do mundo” escolheu esse sistema para eleger seus governantes. Falaremos de quem resolve ser antidemocrático sempre que a democracia não for conveniente aos seus interesses.

Em seu livro “Como as Democracias Morrem”, Steven Levitsky faz um relato do processo de construção da democracia norte-americana. Ao final, justificando o título do livro, Levitsky aponta a ascensão de Donald Trump ao poder como um elemento de extrema preocupação. Segundo o autor, Trump é o único presidente eleito dos Estados Unidos que não possui apreço às regras democráticas construídas ao longo de séculos. Pois os últimos dias confirmam isso.

Numa eleição democrática, o candidato derrotado tem por hábito declarar publicamente a vitória de seu adversário. Somente a partir desse ato é que o vencedor se apresenta como tal. Mas Trump não aceita essa regra. Numa atitude deplorável, achou por bem fazer uso de todos os meios de comunicação e de suas famigeradas redes sociais para disseminar mentiras, acusando sem provas fraude no processo eleitoral e se autoproclamado vencedor das eleições. Tal ato foi repudiado de forma veemente pelos adversários e até mesmo por membros históricos do Partido Republicano, o mesmo de Trump.

A imprensa americana, surpreendentemente, demonstra não ter mais pudores para chamar Trump de mentiroso. Em atitude inédita, os principais canais de TV do país interromperam um pronunciamento presidencial para desmentir seu conteúdo. Aqui no Brasil, os maiores veículos de comunicação também vêm seguindo a trilha do repúdio. E aí temos um fato curioso.

O que Trump está fazendo, acusando sem provas a oposição de fraudar as eleições, afirmando que só a sua vitória seria um resultado honesto, é exatamente o que fez Aécio Neves em 2014. No momento em que deveria reconhecer a vitória de Dilma Roussef, Aécio a atacou, acusando-a de fraude e afirmando que não permitiria mais que o país fosse governado por sua opositora eleitoral. O resultado prático dessa aventura inconsequente de Aécio todos nós conhecemos.

Mas EUA e Brasil são países com realidades e projeções globais muito distintas. Trump não é Aécio. Trump está no poder. Gostemos ou não, o presidente norte-americano, qualquer que seja ele, é considerado “o homem mais poderoso do mundo”. Suas atitudes têm potencial influenciador muito maior que as de um playboy derrotado numa republiqueta de bananas da América Latina.

A imprensa brasileira que agora critica Trump é a mesma que apoiou Aécio e insuflou a opinião pública contra Dilma. Para os manipuladores tupiniquins da informação, o mesmo ato, dependendo de quem o pratica, pode ser considerado tanto um legítimo exercício de democracia quanto um atentado a ela.

Como disse um dia Winston Churchill: “a democracia é o pior dos regimes, à exceção de todos os outros”. Sem democracia, resta a barbárie. Que sirva de alerta para o povo brasileiro.

(Esse texto não expressa, necessariamente, a opinião do site HojeDiário.com)