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“Resultado”, por Marco Tanoeiro

Eleições são processos fantásticos e sua análise é sempre apaixonante. Avaliar as propostas dos candidatos, a movimentação dos partidos, calcular as possibilidades de vitória, são passos importantes para tomarmos a decisão do voto. Mas o resultado do pleito, por razões óbvias, é a fase do processo que mais impacta a população. Nesse momento, gosto de observar como se comportam eleitos, derrotados e principalmente o eleitor.

Recentemente escrevi um artigo onde criticava negativamente a postura dos derrotados em eleições livres, diretas e democráticas. Naquele texto, publicado aqui no Portal Hoje Diário, citava Donald Trump e Aécio Neves como exemplos a não serem seguidos, vez que se negaram a aceitar suas derrotas eleitorais, colocando em dúvida o processo como um todo e abalando o jogo democrático das eleições.

Terminado o primeiro turno das eleições municipais, verifico que essa má postura não tem sido a tônica dos discursos de vencedores e derrotados, em especial na região do Alto Tietê. Exceção feita ao município de Mogi das Cruzes, que decidirá o pleito majoritário em segundo turno, percebo que os envolvidos na disputa majoritária tiveram posturas republicanas e democráticas em face aos adversários, guardadas as características de cada um. Ótimo que seja assim.

Exceto quando existem fraudes no sistema eleitoral, devendo ser tais casos apurados com rigor, há que se respeitar o resultado das urnas. Reconhecer a vitória ou a derrota do adversário é educado, civilizado, uma demonstração de “fair play” eleitoral. Reconhecer o resultado das urnas é antes de tudo respeitar o eleitor, que hoje opta pelo seu adversário, mas amanhã pode mudar de opinião. A política é dinâmica.

Com relação à postura do eleitor, gostaria na verdade de deixar um ponto de reflexão para os seguidores do portal. Diante da pandemia de proporções globais que estamos enfrentando, sempre defendi o adiamento das eleições municipais. Ainda que suas consequências fossem imprevisíveis, sempre me pareceu – e ainda parece – que seria uma medida adequada para efetivamente garantirmos uma possibilidade de real exercício de cidadania.

Concluído o primeiro turno, verificamos que o número de eleitores que deixaram de votar foi muito grande. Apenas como exemplo, em Suzano, onde o atual prefeito foi eleito com 110.001 votos, tivemos 23,8% de abstenção. Ou seja, 52.005 dos 217.959 eleitores da cidade não exerceram o direito ao voto. Além das ausências, entre os 165.954 mil votos computados na cidade, 14.690 (8,85%) foram nulos e 9.881 (5,96%) foram em branco. Com isso temos 76.576 votos para ninguém. Isso não é pouca coisa. Não pode ser desprezado. E esse quadro fica ainda mais grave se analisarmos sua repetição em todas as cidades do Alto Tietê.

Por conta da pandemia, as pessoas tiveram medo de sair de suas casas para votar? Entre aquelas que saíram, não fizeram escolhas válidas por quê? Como legitimar os mandatos dos eleitos diante de tamanha negação? Essas são questões que deverão ser respondidas com o tempo, por cada um de nós, de acordo com nossas convicções pessoais.

(Esse texto não expressa, necessariamente, a opinião do site HojeDiário.com)