Marcia Maruyama é uma médica pediatra, moradora de Suzano, que hoje enfrenta seu maior desafio: após alguns exames para investigar o que parecia um pequeno problema de saúde, ela descobriu uma leucemia. Viúva e mãe de quatro filhos, começou um movimento em busca de doadores de sangue e medula óssea para auxiliar no tratamento.
A médica tem 43 anos, formada pela Faculdade de Medicina de Marília. Ela ficou viúva logo no início da pandemia do coronavírus (Covid-19), em 2020, quando seu marido contraiu Fasciite Necrotizante, uma bactéria rara comedora de carne.
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Desde então, ela se dedicou quase que inteiramente aos seus filhos: Camila Itonaga, 11 anos; Melissa Itonaga, 10; Fernando Itonaga, 8; e Letícia, 5.
“Após a Covid e ficar viúva, há quase quatro anos, estou vivendo mais como mãe e dona de casa do que como pediatra”, disse.
Neste período, Marcia passou a cuidar de uma tia idosa de 88 anos e de um primo com déficit neurológico, de 57 anos, que moram com ela. Acostumada com a rotina de cuidar de sua família, ela começou a sentir muitas dores nas costas e muito cansaço, sintomas que já relatava há algum tempo. Em 2 de fevereiro, ao chegar na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo para fazer os exames, o hemograma apontou que ela tinha Leucemia Mieloide Aguda.
Logo em seguida, Marcia foi internada e iniciou um tratamento intensivo para lutar contra a doença.
“Estou em fase inicial do tratamento, que é fase para fazer a leucemia entrar em remissão para depois proceder ao transplante de medula óssea. Essa fase exige no mínimo 30 dias de internação. No meu caso em específico, fiz uma quimioterapia inicial por sete dias, por 24 horas, porém a internação mais longa é justamente porque o esperado é que a medula seja atacada e com isso a produção de todos os elementos sanguíneos fica no mínimo, daí a necessidade de transfusões quase diárias”, explicou.
No momento do diagnóstico, sua maior preocupação era com os filhos e como poderia cuidar deles durante esse período de tratamento intensivo.
“Minha maior preocupação quando internei não foi nem o diagnóstico em si, mas como ficariam as crianças. Mas, graças a amigas próximas, as cuidadoras que cuidam 24 horas da minha tia idosa de 88 anos e de um primo com deficiência cognitiva, que moram comigo, e da minha funcionária do lar que sempre foi como familiar para mim, as crianças puderam ficar em casa e juntas. Meu irmão está sempre ao meu lado, meu braço direito e esquerdo, e todos da família se disponibilizaram a ajudar da forma que podem”, destacou.
A necessidade do transplante de medula óssea e as contínuas transfusões de sangue motivaram Marcia e amigos a realizar uma campanha de doação.
“Comecei a campanha com ajuda de alguns amigos por doação de sangue e medula óssea porque, depois do Carnaval, ficamos alguns dias sem receber transfusões de sangue que são essenciais durante o processo. Amigos incentivaram a iniciar uma campanha de vaquinha online que resolvemos expandir para uma campanha de doação de sangue e de cadastro de mais e mais pessoas para serem doadores de medula óssea”, contou.
Marcia ainda diz que o resultado a surpreendeu grandiosamente.
“Nunca sonhei com um engajamento tão grande. Foi uma grata surpresa ver que a corrente se espalhou pelo Brasil, desde a comunidade médica, de mães, comunidade escolar, amigos pessoais, amigos da minha antiga Faculdade e pessoas que de alguma forma se identificaram com minha história e por pura bondade continuaram a espalhar esse bem”, disse.
Ela destaca que a corrente se espalhando mostrou que a necessidade de doadores de medula óssea ainda é pouco divulgada no Brasil.
“Quando a corrente começou a se espalhar assim, percebi que realmente há muitas dúvidas e desinformação sobre, principalmente, o cadastro e doação de medula óssea”, essas informações a equipe médica aqui especializada pode detalhar melhor”, ressaltou.
O processo para se tornar doador é, na verdade, bem simples. Basta se dirigir ao Hemocentro da sua cidade, realizar um cadastro no REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) e coletar uma amostra de sangue (10 ml) para exame de tipagem HLA, que analisará se o doador é compatível com o paciente.
Para ser doador é necessário:
- Ter entre 18 e 35 anos de idade (O doador permanece no cadastro até 60 anos e pode realizar a doação até esta idade);
- Um documento de identificação oficial com foto;
- Estar em bom estado geral de saúde;
- Não ter nenhuma doença impeditiva para cadastro e doação de medula óssea.
No caso de Suzano, o hemocentro da cidade está localizado na avenida Antônio Marques Figueira, número 1.841, na Vila Figueira.
Por fim, Marcia quis destacar que doar sangue pode salvar a vida de muitas pessoas.
“Para quem está tratando de doenças do sangue como a leucemia e outras doenças, nós sentimos que a frase ‘doação de sangue salva vidas’ é o mais real possível! Porque se um dia falhar para nós, podemos ter graves consequências e riscos como sangramento, sofrimento do coração por anemia extrema, entre outras situações. Precisamos da ajuda de todos”, finalizou.