Neste domingo (20), é celebrado o Dia Nacional de Consciência Negra, que traz reflexões sobre opressão e luta racial.
Aproximadamente 22 mil brasileiros se declaram pretos, segundo o último levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PNADC/T), atualizado na quinta-feira (17), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O dado registra um aumento de cerca de 59% de pessoas declaradas pretas no período de dez anos, tendo em vista que em 2012 o total era de 13,8 mil.
Embora o Brasil seja um país miscigenado – que consiste na mistura de raças, povos e de diferentes etnias – essa data é importante para que a população reflita sobre o longo caminho que ainda é preciso percorrer em direção a uma sociedade mais igualitária e inclusiva.
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Por que dia 20 de novembro?
A data foi escolhida por conta do falecimento de Zumbi dos Palmares, em 20 de novembro de 1695, instituída em 1971 por sugestão do poeta gaúcho Oliveira Silveira, um dos fundadores do Grupo Palmares, que queria que a data fosse lembrada como símbolo de resistência do povo negro e reconhecimento da contribuição da população negra para a formação da cultura brasileira.
Zumbi dos Palmares nasceu em Alagoas no ano de 1655 e é um dos principais representantes da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colonial.
O “Quilombo dos Palmares”, grupo em que Zumbi era líder, era uma comunidade livre formada por escravos fugitivos das fazendas e alcançava cerca de 30 mil habitantes. Nos quilombos, os negros eram livres para viver de acordo com sua cultura.
Em 1675 o quilombo foi atacado por soldados portugueses e, como Zumbi ajudou na defesa, se destacou como um grande guerreiro. Depois de uma batalha violenta, os soldados portugueses se retiraram.
Em 1680, com 25 anos, Zumbi se tornou líder do Quilombo dos Palmares, comandando a resistência contra as tropas do governo. A comunidade cresceu, se fortaleceu e teve várias vitórias contra os soldados portugueses durante o seu comando.
Entretanto, 14 anos depois, o bandeirante Domingos Jorge Velho organizou um ataque ao Quilombo, que deixou a sede da comunidade destruída.
Zumbi conseguiu fugir, após muita luta, mas foi traído por um companheiro, entregue à tropa do bandeirante e, em 1695, é morto por degolamento.
Segundo a organização quilombola, por conta de tanta luta, Zumbi se tornou um símbolo de resistência para os negros e escravizados da época.
Escravidão e o racismo
As marcas da escravidão ainda são visíveis na sociedade. Embora as senzalas tenham ficado para trás, a população preta precisa lutar diariamente contra as correntes da opressão.
Segundo o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a palavra “racismo” é definida por “uma doutrina que sustenta a superioridade de uma raça em detrimento das outras”.
A palavra “racismo” nasceu no século XX, embora a opressão tenha raízes bem mais fundas na história. A menção mais antiga surgiu em 1902, na revista francesa Revue Blanche, como “racisme”. Já em inglês, a palavra “racism” surgiu em 1936, na busca pela necessidade de nomear as políticas que o nazismo aplicava na Alemanha até então.
Não há registro de uma data precisa para a estreia do termo em português.
Quando pensamos no racismo, é preciso pensar nele em três perspectivas:
- “Racismo individual”: Manifestado por meio de falas ofensivas e comportamentos contra um indivíduo no dia-a-dia.
- “Racismo institucional”: Presença massiva de um determinado grupo (opressor) em posições de poder como, por exemplo, no Legislativo, Judiciário, Executivo, universidades e grandes corporações.
- “Racismo estrutural”: Quando as ordens jurídica, política e econômica preservam os privilégios brancos e criam condições de prosperidade apenas para um grupo.
Importância da conscientização
Uma data destinada à Consciência Negra é de extrema relevância por sua questão histórica e, principalmente, pelos dados cada vez mais alarmantes da desigualdade racial existente no país.
Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado no ano passado (com dados de 2020):
- 75,8% das vítimas de homicídios dolosos (incluindo feminicídios) eram pessoas negras;
- 68% das vítimas de crimes de lesão corporal seguidas de morte eram negras em 2019. Já em 2020, o índice ficou em 75,3%.
Além disso, um levantamento do IBGE chamado “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil”, com dados de 2021, aponta que:
- Considerando a linha de pobreza monetária proposta pelo Banco Mundial, a proporção de pessoas pobres no país era de 18,6% entre os brancos e praticamente o dobro entre os pretos (34,5%);
- Os pretos ocupavam 43,4% da taxa de informalidade da população ocupada. Número que, para os brancos, ficou em 32,7%;
- Mais da metade (53,8%) dos trabalhadores do país no ano passado eram pretos ou pardos, mas esses grupos, somados, ocupavam apenas 29,5% dos cargos gerenciais, enquanto os brancos ocupavam 69,0% deles;
- 19,7% das pessoas pretas residentes em domicílios próprios não tinham documentação da propriedade, enquanto o índice entre as pessoas brancas era praticamente a metade, ficando em 10,1%.
Com esses dados, é possível concluir que – ao contrário do que é pensado – o Dia da Consciência Negra não é destinado somente para a luta contra o ato do racismo, mas também serve para que as pessoas brancas possam refletir e perceber todos os privilégios que elas têm enquanto brancas, permitindo a mudança na forma de agir diante as situações de injustiça.
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