Nesta quinta-feira (26), a cidade de Suzano recebeu o rei Tchongolola Tchongonga Ekuikui VI, de Angola, no Cineteatro Wilma Bentivegna, na região central. O objetivo da visita foi estreitar os laços culturais angolanos com os brasileiros.
O município foi escolhido uma vez que a Secretaria Municipal de Cultura é parceira do Centro Cultural Casa de Angola São Paulo, que promoveu a visita histórica e inédita do rei.
A cerimônia foi marcada por uma exaltação da cultura angolana presente no Brasil e também de lamento pelo passado, marcado pela escravidão do povo negro, sendo que 60% deles foram trazidos de Angola para o território brasileiro.
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O vice-prefeito e secretário de Cultura de Suzano, Walmir Pinto, disse que o passado registra uma história triste, mas que a presença do rei Tchongolola é capaz de enriquecer a cultura brasileira.
“A história do nosso povo africano no Brasil não é uma história linda. Sabemos da origem e da chegada do nosso povo africano aqui. A maioria deste povo que veio escravizado ao Brasil era oriundo de Angola. Tenho descendência afro e é muito difícil buscar a origem das nossas história, porque muito se perdeu no mar. O Brasil tem uma dívida histórica com o povo negro. A sua presença muito nos honra, Majestade, em busca das raízes, a troca de conhecimento com nosso povo sobre a nossa história que são interligadas”, disse.
O idealizador do Centro Cultural Casa de Angola, Isidro Chiculo, esteve presente e destacou o fortalecimento cultural que a presença de Sua Majestade traz para a cidade.
“Lembro de ter feito a oferta para a Secretaria de Cultura de recebermos a Sua Majestade. É histórico recebê-lo. Nós estamos numa cidade que nos recebeu muito bem e até então temos trabalhado juntos em diversos projetos. O Centro Cultural tem o objetivo de fortalecer os laços culturais entre Brasil e Angola. Estar aqui neste auditório com Sua Majestade, o maior líder da maior etnia de Angola, sendo jovem e uma pessoa acessível, isso mexe com a sociedade brasileira e angolana. A vinda de Sua Majestade visa ampliar as discussões sobre a luta contra o racismo estrutural, e como os descendentes de Angola podem extrair alguns ensinamentos de Sua Majestade”, destacou.
Durante seu discurso, o rei Tchongolola Tchongonga Ekuikui VI disse que sua visita é um cumprimento da vontade de seus antepassados e que não deseja perder tempo lembrando do que é ruim, mas sim, pensando num futuro mais próspero.
“Nós escalamos o Brasil, como forma de completar a vontade de nossos pais, porque viemos fortificar as raízes que tem perdido força. Fomos muito bem recebidos, com muita alegria. Desde muito tempo, a história registra que o Brasil e Angola são irmãos. Sua Majestade no dia a dia não gosta de lembrar as situações que trazem lágrimas. Eu as conheço porque reviso a história constantemente. Não quero perder tempo lembrando as coisas más que aconteceram entre os povos, mas marcar os novos passos, o como iremos resolver os problemas daqui para frente. Fico muito feliz de estar junto de pessoas que lutam contra o racismo. Sua Majestade, com todo o coração, quer se juntar a essa luta. Se há um plano e se estamos aqui, é hora de dialogarmos e nos unirmos. Temos de interceder aos mais velhos para que a paz e a sabedoria reinem nos homens”, disse.
O prefeito Rodrigo Ashiuchi destacou a presença do rei e disse que sua visita é uma oportunidade de refletir sobre o passado e pensar no futuro.
“Momento histórico para Suzano, para o estado e Brasil, porque pela primeira vez se encontra a Vossa Majestade [nome do rei]. Nós temos laços fortes com muitos povos e o povo angolano se faz presente em vários setores do nosso país, no nosso dia a dia, e principalmente na Cultura. A presença de Vossa Majestade na nossa cidade nos reforça a estarmos unidos no combate ao racismo e buscar as oportunidades igualitárias a todos, os reparos históricos e pensarmos daqui para frente, como tornarmos a nossa cidade, um estado e um país cada vez melhor. Que Vossa Majestade sempre saiba que há no Brasil uma cidade que ama o povo angolano”, destacou.
Em Suzano, o Rei também visitou o Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi para ver as exposições de Arte Indígena e “Instalação Aledia Bipó-Yee”. Almoçou no Casarão da Memória e depois fará um intercâmbio educacional com os alunos da escola municipal Antônio Marques Figueira.
O Rei também visitou o Viveiro Municipal, fazendo um plantio simbólico de uma muda de Dendê ao lado do Pavilhão do Zumbi dos Palmares, no Parque Max Feffer, e depois acompanhou uma apresentação de capoeira no Pavilhão.