O Governo do Estado de São Paulo anunciou, nesta terça-feira (30), a criação de um gabinete de crise e a adoção de medidas emergenciais após a confirmação de cinco mortes causadas por ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. Ao todo, sete casos de intoxicação já foram confirmados, outros 15 seguem em investigação e quatro foram descartados. A situação mobilizou autoridades estaduais em diversas frentes, com ações coordenadas entre órgãos de saúde, segurança pública, justiça e vigilância sanitária.
A decisão foi tomada durante reunião técnica realizada no Palácio dos Bandeirantes, conduzida pelo governador Tarcísio de Freitas. O objetivo é combater a produção e a distribuição clandestina de bebidas contaminadas, que já levaram à apreensão de 50 mil garrafas adulteradas e 15 milhões de selos fiscais falsificados. Além disso, cinco inquéritos foram abertos, dois indivíduos foram presos e quatro distribuidoras passaram a ser investigadas. As operações se intensificaram a partir do aumento dos casos e da suspeita de que grupos criminosos independentes estejam por trás das adulterações.
Uma das principais medidas adotadas foi a interdição preventiva de estabelecimentos com suspeita de comercialização de bebidas irregulares. Esses locais só poderão reabrir após verificação completa da origem e da segurança dos produtos. O governo também determinou o reforço dos canais de denúncia, como o Disque Denúncia 181, o site da Polícia Civil e os contatos do PROCON-SP, disponíveis pelo telefone (11) 151 e pelo portal https://www.procon.sp.gov.br.
A Polícia Civil atua com três departamentos especializados, incluindo a Divisão de Crimes contra a Saúde Pública e a Divisão de Crimes contra a Fazenda. De acordo com o Delegado-Geral Artur Dian, as ações buscam identificar os responsáveis pela produção clandestina e impedir a circulação das bebidas adulteradas. A Secretaria de Segurança Pública informou que, até o momento, não há indícios de participação de facções criminosas, mas sim de quadrilhas independentes. As investigações também consideram a possibilidade de uso acidental de metanol ou falhas no processo de reutilização de garrafas.
Nesta terça-feira (3), 112 garrafas de vodca foram apreendidas em diferentes regiões da capital paulista, sendo 17 delas no bairro da Mooca. As equipes de investigação concentram esforços na identificação das distribuidoras e no rastreamento dos fluxos de pagamento, a partir dos relatos das vítimas. Os proprietários dos estabelecimentos envolvidos foram ouvidos e as operações seguem em andamento.
A Secretaria da Saúde reforçou a preparação das unidades médicas para atendimento de pacientes com sintomas de intoxicação por metanol. De acordo com o secretário Eleuses Paiva, o tratamento precoce pode ser eficaz com uso de antídotos e outros recursos clínicos, dependendo do estágio em que o paciente chega à unidade. O órgão alerta que qualquer pessoa que apresente sintomas incomuns após consumo de bebida alcoólica deve procurar imediatamente um hospital ou unidade de pronto atendimento.
Entre os sinais iniciais da intoxicação estão dor abdominal intensa, tontura, sonolência, confusão mental, náuseas, vômitos, dor de cabeça, taquicardia e queda de pressão arterial. Nas horas seguintes, os sintomas podem evoluir para visão turva, sensibilidade à luz, perda da visão de cores, convulsões, coma e, nos casos mais graves, cegueira irreversível, falência de órgãos e morte.
O Estado conta com três laboratórios capacitados para análises rápidas em casos suspeitos, localizados em Campinas, Botucatu e Ribeirão Preto. Os resultados dos exames de sangue, urina e amostras de bebidas são emitidos em até uma hora. Profissionais de saúde também contam com o suporte técnico dos Centros de Assistência Toxicológica (CiaTox), cujos contatos estão disponíveis no site da Secretaria da Saúde: https://www.saude.sp.gov.br.
A reunião desta terça-feira teve a presença dos secretários de Segurança Pública, Guilherme Derrite; Saúde, Eleuses Paiva; Justiça e Cidadania, Fábio Prieto; e Desenvolvimento Econômico, Jorge Lima. Também participaram o diretor do PROCON-SP, Robson Campos; o diretor do Centro de Vigilância Sanitária, Manoel Bernardes; e a coordenadora da Coordenadoria de Controle de Doenças, Regiane de Paula.