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Entre a vitória do transplante e a espera pela vida normal, moradores de Suzano mostram a importância da doação de órgãos

O portal Hoje Diário conversou com dois moradores de Suzano que podem ser considerados símbolos da conscientização sobre a doação de órgãos: Danilo Caetano, de 36 anos, que teve sua rotina completamente transformada em 2023 após um exame de sangue aparentemente simples; e Guilherme Augusto Ferreira, de 34 anos, que recentemente recebeu um novo rim.

Danilo, sem sintomas aparentes, só procurou atendimento por insistência da esposa, que trabalha na área da saúde.
“Eu nunca senti nada. Se não tivesse feito exame, estava morto hoje”, disse.
O diagnóstico inesperado: insuficiência renal grave, com apenas 7% da função dos rins ativa. O susto, segundo ele, foi imediato.

Danilo trabalhava na zona leste de São Paulo, mas decidiu voltar para Suzano e procurar atendimento no Hospital Santa Maria.
“O médico olhou para mim e falou: ‘Ih, como é que você está vivo? UTI!’. Eu falei: ‘Não, não vou pra UTI, não!’”, relatou.
Já transferido para Mogi das Cruzes, no Hospital Santana, ouviu o mesmo. No entanto, segundo ele, não apresentava sintomas e não entendia o motivo de “estar doente”.

Caetano precisou iniciar sessões de hemodiálise imediatamente.
“É um tratamento duro. Faço três vezes por semana, segunda, quarta e sexta, quatro horas por dia. Fico preso na cidade onde moro, não posso viajar, não posso faltar, porque é onde meu sangue realmente é limpo”.
A hemodiálise é um tratamento paliativo e não substitui completamente a função dos rins. A única solução definitiva seria o transplante.

Danilo entrou na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) e já foi chamado três vezes, mas ainda não conseguiu realizar o procedimento.
“Fui em duas, mas não eram compatíveis. Na terceira, eu estava com água no pulmão, tossindo muito. Não fui porque não tinha condição”, disse.

Além disso, Danilo diz que o diagnóstico também afeta o emocional e que enfrenta essa batalha diariamente.
“Foi uma das piores e mais assustadoras notícias que eu já recebi. Chorei muito, tive muito medo. Mas sempre tive minha esposa do meu lado para segurar a barra”, finalizou.

Além dele, a reportagem conversou com Guilherme, que renasceu e ganhou mais um capítulo em sua história de vida há pouco mais de um ano. Morador de Suzano e amigo de Danilo, Guilherme enfrentou a mesma batalha.
No final de 2022, acompanhou o tio, que também ficou internado com insuficiência renal em estágio inicial. No ano seguinte, foi a sua vez: descobriu a insuficiência renal no dia 18 de julho de 2023.

Na semana que antecedeu o diagnóstico, começou a passar muito mal, com vômitos e cansaço intenso. Durante a noite, já não conseguia mais deitar.
Ainda naquele ano, em abril, realizou uma peregrinação até Aparecida e, ao retornar, notou que o pé ficou inchado por uma semana, sintoma que, segundo ele, hoje acredita já ser um sinal da doença.

Buscou atendimento em uma Unidade Básica de Saúde, queixando-se de muito cansaço. Durante a triagem, sua pressão arterial estava muito alta e, após um exame de sangue solicitado pelo médico, foram observados níveis alarmantes de creatinina e ureia. No mesmo momento, foi internado e colocado na lista de urgência do Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo (SIRESP), antigo CROS, sendo diagnosticado com insuficiência renal terminal. Os médicos informaram que a perda da função renal foi causada pela hipertensão.

Recebeu um cateter e iniciou hemodiálise imediatamente.
“Logo me passaram um cateter e já fiz a primeira sessão de hemodiálise. Lá começamos a luta. Receber o diagnóstico, sem dúvida, foi um susto para mim e toda a família. Mas confesso que a aceitação foi uma fase rápida, pois minha religião já estava me preparando ‘sem sabermos’ de nada. Então, tinha aprendido que aceitar o que a vida nos propõe torna tudo mais fácil de lidar e superar… Fiquei 15 dias na sala de urgência e mais 70 dias dentro de um hospital”, relembrou.

“Estava retornando para casa com a vaga na clínica de hemodiálise em Suzano, onde passaria a frequentar três vezes por semana e formar uma nova família. Criei laços e amigos de máquina, com quem até hoje mantenho contato… Um cuidado necessário nesse processo doloroso e de luta. Neste momento, eu já estava na fila de transplante de rim e foram alguns meses, com a esperança de uma ligação!”, contou sobre o tratamento paliativo.

Em outubro, veio a tão esperada ligação, e, segundo ele, foi a noite mais longa de sua vida. Pela manhã, já atendia um cliente quando recebeu a confirmação: precisava ir imediatamente ao hospital. E ouviu do médico no corredor: “O rim é seu”.

Agora, com o órgão transplantado, os cuidados continuam.
“Hoje em dia vou ao médico uma vez por mês. É um cuidado diferente, mas levo uma vida normal”, citou.

Guilherme ainda faz questão de alertar toda a população sobre a doença.
“Digo para todos ao meu redor sempre: cuidem-se! Façam exames de creatinina! Vão ao médico! E sejam doadores! E, para quem está em tratamento, força! Não desistam, não faltem à sessão de hemodiálise e façam acompanhamento”, finalizou.

Segundo o Ministério da Saúde, atualmente 78 mil pessoas aguardam por doação de órgãos. Os mais demandados em 2024 são: rim (42.838), córnea (32.349) e fígado (2.387). Ainda de acordo com os dados, os órgãos mais transplantados foram: córnea (17.107), rim (6.320), medula óssea (3.743) e fígado (2.454).