No Outubro Rosa, mês de conscientização sobre o câncer de mama, o portal Hoje Diário conta a história da pedagoga de Suzano, Daniela Lemos, de 47 anos, que descobriu a doença há 14 anos e segue com cuidados preventivos.
Em 2010, aos 32 anos, Daniela vivia um momento muito importante de sua vida: havia conseguido prestar vestibular e ingressar na faculdade de Pedagogia. No entanto, em junho daquele ano, durante um check-up de rotina, descobriu um câncer de mama, e tudo mudou.
Daniela concluiu o primeiro semestre cheia de expectativas, acreditando que aquele seria apenas o início de uma nova fase. Entretanto, após alguns dias da consulta, acordou com uma dor intensa no braço esquerdo. Apesar do alerta do marido, Marcos, que insistiu para que ela procurasse um médico, acreditava que não havia motivo para preocupação, já que seus exames estavam dentro da normalidade.
Com a dor persistindo, o marido a levou a um pronto-socorro particular, onde o atendimento foi rápido e pouco atencioso, resultando apenas na prescrição de um anti-inflamatório. Ainda naquele dia, ele marcou uma consulta com a ginecologista, que solicitou uma série de exames detalhados, como ultrassonografia, mamografia, videocolposcopia e colposcopia.
Ao identificar nódulos, a médica recomendou uma biópsia da mama esquerda. O diagnóstico veio como um choque: câncer de mama agressivo. Daniela ainda lembra do momento.
“Nunca vou esquecer a forma como a doutora foi direta: ‘Você está doente. Tem um câncer de mama muito agressivo, maligno, e precisa passar com um mastologista com urgência para fazer a cirurgia’. Fui sozinha à consulta naquele dia. Ao receber o diagnóstico, entrei em desespero. Chorei muito, andei pelas ruas chorando. Encontrei um orelhão e liguei para o meu marido. Mais calma, contei: ‘Não era para ser, mas estou com câncer de mama’. Ele pediu que eu fosse para casa, onde nos encontraríamos. Ele trabalhava em Mogi, e eu estava na região central de Suzano. No caminho, parei para refletir. Tenho dois filhos, Natalie e Nicolas. Muitos pensamentos passaram pela minha cabeça”, relata.
Com o apoio do marido, Daniela iniciou imediatamente o tratamento com o mastologista Doutor Ricardo Mota. Devido à gravidade do caso, foi recomendada uma mastectomia radical modificada. A cirurgia foi marcada para o dia 30 de dezembro de 2010.
O procedimento durou cerca de seis horas e ocorreu com sucesso. Daniela passou por sessões de quimioterapia e radioterapia, enfrentando efeitos colaterais como queda de cabelo, náuseas e queimaduras na pele. Durante o tratamento, precisou trancar a faculdade, mas não perdeu a determinação.
Após concluir o tratamento em 2012, passou por um longo processo de reconstrução mamária, incluindo cirurgias de simetrização, reconstrução do mamilo e micropigmentação da auréola, realizadas por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e de projetos sociais.
Hoje, 14 anos depois, Daniela segue em remissão e compartilha sua história para inspirar outras mulheres.
“Atualmente, preciso fazer exames de rastreio semestrais. Estou em remissão há 14 anos, pela graça de Deus. Tenho muitas histórias de amor, de preconceito e de superação. O câncer me transformou. Concluí minha faculdade de Pedagogia com louvor. Descobri-me como mulher, esposa, mãe e filha. Já são 14 Outubros Rosas com um novo propósito. Compartilho minha história para trazer esperança a quem passa por algo parecido. Hoje realizo o sonho de ver meus filhos crescidos e meus netos nascendo, com o meu marido sempre ao meu lado”, declara.
Assim como Daniela, milhares de mulheres enfrentam o câncer de mama todos os anos. A diferença entre o medo e a esperança, muitas vezes, está no diagnóstico precoce e no apoio emocional e médico.
Prevenção e diagnóstico
De acordo com dados do Painel Oncologia Brasil, a estimativa é que até o fim de 2025 mais de 108 mil mulheres sejam afetadas pela doença. Apesar dos números alarmantes, o diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de cura, que podem superar 95% quando identificado em estágios iniciais, segundo a organização Juntos Somos Mais Fortes.
Neste ano, a campanha Outubro Rosa ganhou ainda mais destaque após o Ministério da Saúde ampliar a faixa etária recomendada para a realização da mamografia, que antes abrangia mulheres de 50 a 69 anos e agora inclui até 79 anos.
Embora o Ministério da Saúde recomende o exame de mamografia anual a partir dos 50 anos, a Sociedade Brasileira de Mastologia e o Colégio Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) seguem o protocolo da Sociedade Americana do Câncer, orientando que o rastreamento seja realizado anualmente a partir dos 40 anos.



