A Ouvidoria da Polícia de São Paulo informou que recebeu relatos segundo os quais Carlos Vieira Alves, de 48 anos, apresentado pela polícia como líder de organização criminosa, seria inocente. As denúncias apontam que ele era advogado registrado pela OAB-SP (Ordem dos Advogados de São Paulo), empresário, pai de dez filhos, avô de dois netos e integrante de uma família tradicional de Poá, onde também participava de ações sociais.
Essas informações motivaram o pedido de esclarecimentos sobre sua morte, ocorrida em 28 de novembro durante um suposto confronto com a ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) em Itaquaquecetuba. De acordo com a Ouvidoria, os relatos recebidos afirmam que Carlos não tinha ligação com organização criminosa e que o apelido Ferrugem, usado desde a infância, apenas coincidiria com o de outra pessoa procurada.
Para aprofundar a apuração, o órgão solicitou à Corregedoria da Polícia Militar o envio das imagens das COPs (Câmeras Corporais Portáteis) utilizadas pelos policiais que participaram da operação. Também pediu à Polícia Civil as gravações de câmeras instaladas no entorno do local onde ele foi morto, além da transferência das investigações para a capital.
A Ouvidoria afirmou que as divergências apresentadas tornam necessária uma investigação rápida e minuciosa, a fim de evitar que famílias enfrentem consequências graves decorrentes de procedimentos avaliados como inadequados.
Em nota nas redes sociais, a ROTA negou qualquer confusão de identidade. A corporação informou que Carlos foi identificado após trabalho de inteligência e que, no carro dele, foram encontradas drogas e duas armas de fogo. O batalhão acrescentou que mais de 400 indivíduos cadastrados com o mesmo apelido constam nos bancos criminais e são monitorados pela polícia.
A SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) declarou que o indivíduo morto teve vínculo com o PCC confirmado pelo setor de inteligência. Segundo a secretaria, Carlos tinha antecedente por furto qualificado e, durante investigações conduzidas pelo DENARC (Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes) em 2022, surgiram indícios de envolvimento com atividades ligadas ao tráfico de drogas no Alto Tietê, especialmente em Poá, Ferraz de Vasconcelos e Itaquaquecetuba.
A pasta afirmou ainda que, no dia da ocorrência, ele transportava tijolos de maconha e duas pistolas, materiais encaminhados para perícia juntamente com as armas usadas pelos policiais. A PM instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias da ação, e as imagens das câmeras corporais serão fornecidas à Polícia Civil para subsidiar a investigação.




























