O capitão fez campanha prometendo jogar por terra todas as alianças eleitorais e políticas responsáveis, segundo ele, pelos males brasileiros. O capiroto governou seguindo a fórmula da aparência o quanto pode. Sob o escrutínio público, falava para agradar os incautos. Nos bastidores azeitava um namoro com quem mais e melhor explica as raízes de nossas mazelas: o centrão, uma massa disforme no Congresso Nacional composta por parlamentares de vários matizes ideológicos que, afinal, concorda sem constrangimento que qualquer decisão a ser tomada tem preço.
Para dar boa sorte a esse relacionamento antes oculto e negado em verso e prosa a quem pudesse suspeitar de sua existência, o Presidente, que durante 28 anos fez parte do centrão como um reles integrante do chamado baixo clero – termo utilizado para enquadrar os parlamentares inexpressivos no Senado e, sobretudo, na Câmara Federal – resolveu capitular e assim voltar às suas origens parlamentares, de onde na verdade nunca saiu. O capitão capiroto capitulou e ao PL se filiou. Há quem perceba nessa manobra uma simples condição de sobrevivência política, posto que as possibilidades de reeleição do atual presidente são quase nulas. Até porque, o número de parlamentares do chamado centrão é capaz de impedir que prospere qualquer pedido de impeachment contra Bolsonaro, mesmo sendo o custo disso algo extremamente prejudicial para a manutenção de um sistema orçamentário minimamente adequado às regras de gestão e planejamento, ou seja, o malfadado “orçamento secreto”, meio pelo qual a corrupção pode grassar sem ser admoestada.
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Seja como for, o fato é que no crepúsculo do mês de novembro deste ano, as hostes do Partido Liberal acolheram casuisticamente um candidato presidencial que, se não ganhar a eleição, pelo menos ajuda a ampliar a bancada do partido na Câmara, hoje a terceira maior, podendo ser a primeira ou escalar para a segunda posição na Casa. Não importa qual será o próximo presidente da República, pois para o PL, tendo uma bancada expressiva, já valerá como elemento de chantagem para buscar colher na frondosa árvore de que dispõe um chefe da nação para dar vazão às demandas pouco republicanas dos nobres deputados e senadores liberais.
Como um animal hematófago, o PL se alimenta dos recursos públicos para seus próprios interesses, a fim de satisfazer a sanha por sangue que tem grande parte de seus integrantes, neste caso, metamorfoseado nas faustosas rubricas do orçamento federal comandado pelo abjeto Presidente da República atual, que agora faz parte da colônia das sanguessugas como filho nato que é.
(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiário.com)