O Espaço Cultural Opereta, em Poá, fundado há 30 anos, é mais do que um núcleo teatral tradicional: tornou-se um símbolo de resistência e desenvolvimento cultural na cidade e na região do Alto Tietê. Neste sábado (18), às 17h, a unidade retoma sua programação após reformas no local. Criado por jovens inspirados pela história de São Francisco de Assis, o Opereta nasceu com o propósito de oferecer formação artística e criar oportunidades para uma comunidade carente de atividades culturais. Sob a liderança de Priscila Klesse, atriz, diretora teatral, professora e atual presidente, o Opereta segue firme em sua missão de transformar vidas por meio da arte.
“Evidente que isso é um resumo bem curto de como se deu a história toda. Esses jovens tinham vontade de criar uma comunidade, percebiam a escassez de formação na área das artes em nossa região e viam na arte e na cultura um caminho de apoio à formação e à educação de crianças, adolescentes, jovens e adultos. E, após anos de atuação, não mudou muito desde a sua formação. De certa forma, nos mantemos como uma comunidade, atuamos em diversas linguagens artísticas, tanto para formação profissional quanto, principalmente, para a formação de pessoas por meio da arte e da cultura”, conta Priscila ao portal HojeDiario.com.
Para Priscila, o espaço tem um papel crucial na formação cultural das pessoas. “É um papel fundamental. Espaços como o Opereta permitem que a população acesse arte e cultura, conheça outras linguagens artísticas e experimente o fazer artístico, porque ainda há a visão de que só camadas mais privilegiadas da sociedade podem acessar arte e cultura. Isso não é verdade. É um direito de todas as pessoas, e o Opereta, assim como tantos outros espaços, procura proporcionar esse acesso”, ressalta.
Ao longo de sua trajetória, o Opereta já formou milhares de pessoas, muitas das quais encontraram na arte um novo sentido para suas vidas. Atualmente, o espaço oferece oficinas gratuitas de teatro, música, percussão, jogos infantis e danças, atraindo participantes de diversas cidades, como Mogi das Cruzes e São Paulo.
“Há histórias de muitas pessoas que tiveram a vida transformada. Recentemente, na turma de teatro do ano passado, uma participante, que estava conosco pela primeira vez, relatou uma melhora significativa em seu quadro de depressão por estar fazendo a oficina e convivendo com a gente no Opereta. Temos pessoas que passaram pelas nossas oficinas e hoje se tornaram grandes profissionais do setor cultural, atuando em grandes produções e até fora do país. Há depoimentos de pessoas que vieram assistir a uma peça e então perceberam que também poderiam atuar e vieram fazer aulas conosco, pessoas que descobriram que poderiam cantar, dançar… são muitos relatos”, destaca a presidente.
As atividades mais procuradas incluem oficinas de teatro e música. “Essas são as mais procuradas, mas também temos oficinas de jogos e brincadeiras, voltadas para crianças. Nesse período pré-carnaval, temos oficina de percussão. As peças teatrais geralmente têm seus temas escolhidos pelos próprios estudantes, ou o oficineiro, ou oficineira pode sugerir algumas possibilidades. A escolha é democrática. Por exemplo: em um determinado ano, percebemos um elenco majoritariamente feminino e as questões sobre a mulher na nossa sociedade foram levantadas com muita força. Então propusemos a montagem do texto Lisístrata, de Sófocles, com algumas adaptações. Por meio desta obra, levantamos o debate sobre a pauta discutida pelo grupo”, explica Priscila.
As peças teatrais produzidas no Opereta frequentemente abordam temas sociais relevantes, como questões de gênero, meio ambiente e desigualdades sociais. Manter o Opereta em funcionamento, porém, não é tarefa fácil, segundo a presidente. “Houve muitos desafios para conseguir um espaço físico para guardar figurinos, cenários e materiais utilizados nas oficinas. Houve desafios financeiros para seguir funcionando, mesmo sendo uma organização sem fins lucrativos, pois temos custos para realizar as atividades. E, talvez o mais recente, tenha sido o desafio que todos enfrentamos com a pandemia de COVID-19, quando não podíamos estar juntos presencialmente. Mas aprendemos a fazer arte de forma online para, mesmo separados, cada um em sua casa, seguirmos criando e mantendo a comunidade Opereta viva”, conta Priscila.
Priscila convida ao público para conhecer o local. “Venham conhecer a Opereta! Podem nos seguir pelas redes sociais, mas venham assistir a uma peça, um show, participar de uma atividade ou mesmo tomar um café com a gente na biblioteca em um sábado. No próximo sábado, dia 18 de janeiro, faremos a reabertura do espaço após a reforma e o retorno do recesso de final de ano. Quem não nos conhece tem aí uma ótima oportunidade de nos visitar!”, finalizou.
O Espaço Cultural Opereta está situado na rua Doutor Emílio Ribas, número 168, na Vila Sopreter.
